O teatro
surgiu a partir do desenvolvimento do homem, através das suas
necessidades. O homem primitivo era caçador e selvagem, por isso sentia
necessidade de dominar a natureza. Através destas necessidades surgem
invenções como o desenho e o teatro na sua forma mais primitiva. O
teatro primitivo era uma espécie de danças dramáticas colectivas que
abordavam as questões do seu dia a dia, uma espécie de ritual de
celebração, agradecimento ou perda. Estas pequenas evoluções deram-se
com o passar de vários anos. Com o tempo o homem passou a realizar
rituais sagrados na tentativa de apaziguar os efeitos da natureza,
harmonizando-se com ela. Os mitos começaram a evoluir, surgem danças
miméticas.
Com o surgimento da civilização egípcia os pequenos rituais
tornaram-se grandes rituais formalizados e baseados em mitos. Cada mito
conta como uma realidade veio a existir. Os mitos possuíam regras de
acordo com o que propunha o estado e a religião, eram apenas a história
do mito em ação, ou seja, em movimento. Estes rituais propagavam as
tradições e serviam para o divertimento e a honra dos nobres. Na Grécia
sim, surge o teatro. Surge o “ditirambo”, um tipo de procissão informal
que servia para homenagear o deus Dioniso (deus do Vinho). Mais tarde o
“ditirambo” evoluiu, tinha um coro formado por coreutas e pelo corifeu,
eles cantavam, dançavam, contavam histórias e mitos relacionados a Deus.
A grande inovação deu-se quando se criou o diálogo entre coreutas e o
corifeu. Cria-se assim a acção na história e surgem os primeiros textos
teatrais.
A consolidação do teatro, na Grécia Antiga, deu-se em função das manifestações em homenagem ao deus do vinho, Dionisio ou Baco (em Roma).[1]
A cada nova safra de uva, era realizada uma festa em agradecimento ao
deus, através de procissões. Com o passar do tempo, essas procissões,
que eram conhecidas como "Ditirambos", foram ficando cada vez mais
elaboradas, e surgiram os "diretores de Coro", os organizadores de
procissões. Os participantes cantavam, dançavam e apresentavam diversas
cenas das peripécias de Dionísio e, em procissão urbanas, se reuniam
aproximadamente 20 mil pessoas, enquanto que em procissões de
localidades rurais (procissões campestres), as festas eram menores.
O primeiro diretor de coro foi Tespis, que foi convidado pelo tirano Pisístrato para dirigir a procissão de Atenas.[2]
Téspis desenvolveu o uso de máscaras para representar, pois em razão do
grande número de participantes era impossível todos escutarem os
relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras. O
"Coro" era composto pelos narradores da história, que através de
representação, canções e danças, relatavam as histórias do personagem.
Ele era o intermediário entre o ator e a platéia, e trazia os
pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da
peça. Também podia haver o "Corifeu", que era um representante do coro
que se comunicava com a platéia do acontecimento.
Em uma dessas procissões, Téspis inovou ao subir em um "tablado"
(Thymele – altar), para responder ao coro,logo em seguida tespis se
passou por Dionisio, fingindo que o espírito de Dioniso adentrou no seu
corpo, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro (hypócrites).
Em razão disso, surgiram os diálogos e Téspis tornou-se o primeiro ator
grego.
Muitas das tragédias escritas se perderam e na atualidade são três Tragediógrafos conhecidos e considerados importantes: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.[1]
Ésquilo
(525 a 456 a.C aproximadamente) – Principal Texto: Prometeu
Acorrentado. Tema Principal que tratava: Contava fatos sobre os Deuses e
os Mitos.
Sófocles (496 a 406 a.C.aproximadamente) – Principal Texto: Édipo Rei. Tema Principal que tratava: das grandes figuras Reais.
Eurípides
(484 a 406 a.C.aproximadamente) – Principal Texto: As Troianas – Tema
Principal que tratava: dos renegados, dos vencidos (Pai do Drama
Ocidental e Oriental)
Aristófanes e a Comédia: Dramaturgo grego (445 a 386 a.C.). É considerado o maior representante da comédia antiga.
Tragédia grecoromana
Muito se discute a origem do teatro grego e, consequentemente, das tragédias. Aristóteles, em sua Poética,
apresenta três versões para o surgimento da tragédia. A primeira versão
argumenta que a tragédia, e o teatro, nasceram das celebrações e ritos a
Dionísio, o deus campestre do vinho. Em tais festividades, as pessoas
bebiam vinho até ficarem embriagadas, o que lhes permitia entrar em
contato com o deus homenageado. Homens fantasiados de bodes (em grego, tragos)
encenavam o mito de Dionísio e da dádiva dada por ele à humanidade: o
vinho. Esta é a concepção mais aceita atualmente, pois explica o
significado de tragédia com o bode, presente nas celebrações
dionisíacas.
A segunda versão relaciona o teatro com os Mistérios de Eleusis,
uma encenação anual do ciclo da vida, isto é, do nascimento,
crescimento e morte. A semente era o ponto principal dos mistérios, pois
a morte da semente representava o nascimento da árvore, que por sua vez
traria novas sementes. A dramatização dos mistérios permitiria o
desenvolvimento do teatro grego e da tragédia.
A terceira concepção para o nascimento da tragédia, e a aceita por Aristóteles, é de que o teatro nasceu como homenagem ao herói dório
Adrausto, que permitiu o domínio dos Dórios sobre os demais povos
indo-europeus que habitavam a península. O teatro seria a dramatização
pública da saga de Adrausto e seu triste fim.
A análise das obras dos principais autores trágicos, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, como empreendida por Albin Lesky (A tragédia grega) e Junito Brandão (Teatro Grego: origem e evolução), nos conduz a um denominador comum da tragédia: o métron de cada um. Parte da concepção grega do equilíbrio, harmonia e simetria e defende que cada pessoa tem um métron, uma medida ideal. Quando alguém ultrapassava seu métron,
seja acima ou abaixo dele, estaria tentando se equiparar aos deuses e
receberia por parte deles a "cegueira da razão". Uma vez cego, esse
alguém acabaria por vencer sua medida inúmeras vezes até que caísse em
si, prestes a conhecer um destino do qual não pudesse escapar.
A tragédia seria assim uma popularização do "mito de Procrusto". Este
convidava os viajantes a se hospedarem em sua casa, mas tinha uma cama
muito grande e outra cama minúscula. Durante a noite, Procrusto
procurava adequar o viajante à cama escolhida, serrando os pés dos que
optavam pela cama pequena ou esticando os que escolhessem a cama grande.
O objetivo de Procrusto era colocar cada um na sua medida, ou melhor,
no seu métron.
Como ensinou Aristóteles, a tragédia não era vista com pessimismo
pelos gregos e sim como educativa. Tinha a função de ensinar as pessoas a
buscar a sua medida ideal, não pendendo para nenhum dos extremos de sua
própria personalidade. Para o filósofo de Estagira, entretanto, a função principal da tragédia era a catarse,
descrita por ele como o processo de reconhecer a si mesmo como num
espelho e ao mesmo tempo se afastar do reflexo, como que "observando a
sua vida" de fora. Tal processo permitiria que as pessoas lidassem com
problemas não resolvidos e refletissem no seu dia-a-dia, exteriorizando
suas emoções e internalizando pensamentos racionais. A reflexão oriunda
da catarse permitiria o crescimento do indivíduo que conhecia os limites
de seu métron. A catarse ocorreria quando o herói passasse da felicidade para a infelicidade por "errar o alvo", saindo da sua medida ideal.
A questão da "medida de cada um" é recorrente na obra dos trágicos,
mas trabalhada de forma diferente de acordo com a concepção de destino. O
objetivo de Ésquilo era homenagear Zeus como principal deidade, prevendo o destino de cada um. Quando alguém tentava fugir de seu destino, por sair de seu métron, acabava cumprindo o destino escrito por Zeus. Basta ler a Oréstia para perceber a visão de destino e o papel de Zeus.
Sófocles, por sua vez, escreveu verdadeiras odes à democracia,
pregando abertamente que somente ela poderia aproximar os homens dos
deuses. Aquele que não respeitava a democracia (representada pelo coro),
procurava se auto-governar e fugir de seu destino terrível, teria como
resultado final aquele mesmo destino que destemidamente lutava contra.
Para ele, o homem só encontraria sua medida na vida pública, atuando na pólis,
por intermédio da democracia ateniense. Isso fica muito claro em
Antígone (na oposição entre lei humana e lei divina, mostrando que a lei
humana emanada pela democracia, ou coro se aproximava da lei dos
deuses) e em Electra.
Em compensação, Eurípedes dizia que o coração feminino era um abismo que podia ser preenchido com o poder do amor ou o poder do ódio. É visto por muitos como o primeiro psicólogo,
pois se dedicava ao estudo das emoções na alma humana, principalmente
nas mulheres. Aristóteles o chamou de o "maior dos trágicos", porque
suas obras conduziam a uma reflexão - catarse - que os demais trágicos
não conseguiam. Numa sociedade patriarcal e machista, Eurípedes
enfatizava a mulher e como ela poderia fazer grandes coisas quando
apaixonada ou tomada de ódio. Defendia que o amor e o ódio eram os
responsáveis pelo afastamento da medida de cada um. Podemos destacar Medéia e Ifigênia em Áulis como duas peças de Eurípedes nas quais os sentimentos e emoções são levados à flor da pele.
No século XIX havia uma preocupação obsessiva com a autenticidade de cenários. Até mesmo cavalos vivos subiam ao palco. O desenvolvimento tecnológico modificou todo o aparato técnico que cercava o espetáculo: luzes, cenários, som e efeitos especiais diversos.[3]
O cenógrafo suíço
Adolphe Appia entendia os recursos cênicos como meios para colocar o
ator no foco das atenções e propôs a iluminação como principal criadora
de ambiência, num cenário vazio e abstrato. Os cenários tornaram-se cada
vez mais detalhados e toda tentativa de abstração ou simbolismo foi
condenada, como expressão de formalismo burguês e vazio, algo bem comum na época. O teatro grego na época era bem comum.