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domingo, 31 de março de 2013

Um racista e homofóbico na fente da comissão de direitos humanos da camara dos deputados!

Pastor Marco Feliciano homofóbico e racista, faz vídeo para atacar oposição
Pastor Marco Feliciano completará 28/03 duas semanas à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Até o momento não deu qualquer sinal de que entende, ou pretende entender, o que afinal significam direitos humanos ou direitos das minorias.
Pastor Marco Feliciano
Pastor Marco Feliciano
Quando assumiu o posto, em meio à gritaria diante de tantos absurdos propagados contra quem pretende representar, pediu um voto de confiança. O barulho continuou e ele resolveu revidar. Nesta semana, publicou em seu perfil no Twitter um vídeo, produzido pela WAP TV Comunicação, em que criminaliza abertamente líderes do movimento LGBT, religiões afrodescendentes e militantes que defendem, entre outras bandeiras, a regularização da prostituição e o casamento igualitário.
O narrador, que não aparece, tem a voz distorcida – como são distorcidas as ideias contidas em som e imagem. A música ao fundo sugere terror e suspense. Numa espécie de bricolagem de argumentos sobre defesa da família, apresenta cenas isoladas de tensão durante protestos organizados por ativistas em reação a Feliciano. Por exemplo: um estranhamento entre o líder da ABGLT no Brasil, Toni Reis, durante uma discussão na Câmara, virou “agressão a idosos”. Outro alvo é o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), ferrenho opositor de Feliciano, a quem o vídeo tenta atacar mostrando à exaustão uma declaração do ativista: “Os orixás me colocaram neste mandato”. Como se tivesse dito: “sou Diabo 100% e não abro”. Para Feliciano, talvez seja a mesma coisa, a se observar a exibição de um protesto de menções afrodescendentes, classificado no vídeo como “ritual macabro”.
A aparente reação do deputado aos protestos assusta pela precariedade dos argumentos e a oposição maniqueísta assumida. O tom é sempre “nós” contra “eles” – sempre atribuindo a “eles” o monopólio da truculência e um suposto projeto para garantir privilégios, dinheiro público e perverter a sacralidade da chamada “família”, entendida sempre como uma estrutura única, indissociável, intocável.
Para reforçar os argumentos, usa títulos de reportagens sobre violência contra gays do tipo “Lésbica mata companheiro a facada” e “Travesti mata deficiente”. É a esquina frutífera da ignorância midiática com a má fé religiosa – como se, do outro lado, fosse possível ler notícias como “Hétero e madrasta jogam criança de prédio em SP” ou “Hétero se junta a namorado hétero para matar os pais, de família estruturada, a machadadas”.
Ao fim do vídeo, Feliciano avisa que renunciará: à sua privacidade, às noites de paz e sono e aos momentos de família para não renunciar à comissão e preservar a sua (nossa?) família.
Twitter Pastor Marco Feliciano
Twitter Pastor Marco Feliciano
Não faltou um único argumento para mostrar que o deputado é, provavelmente, a pessoa menos capacitada a assumir o desafio da comissão: o desafio de ajudar a garantir a livre manifestação de quem tenta viver sem traumas, sem o ônus da exclusão, sem perseguições, piadinhas ou vergonha de ser o que é sem que alguém diga como e com quem deve se relacionar para ter paz. Mas Marco Feliciano faz de sua obsessão uma cruzada sob um argumento invertido: a de que não é aceito pelo simples fato de ser cristão. Como se fosse impossível ser cristão e estar em paz com o que se é; como se em alguma passagem da Bíblia houvesse um manual de uso correto do próprio corpo, da própria expressão; como se, ao subir aos Céus, Cristo tivesse orientado a amar ao próximo como a ti mesmo com um asterisco: não vale amar homem com homem nem mulher com mulher.
Falta alguém explicar ao pastor, possivelmente com um vídeo mais didático, que um líder na Câmara, de qualquer comissão, pode ser cristão, judeu, budista, agnóstico. Só não pode ser desonesto. E desonestidade não é só empregar no gabinete funcionário fantasma. Ou ser acusado de estelionato. Ou reclamar quando algum fiel de boa fé entrega um cartão de crédito sem a senha. A desonestidade intelectual é a mais danosa das agressões praticadas por quem tenta criminalizar grupos vulneráveis com sofismas e trilha sonora de terror. Nada pode ser mais sintomático sobre as bandeiras representadas pelo deputado – longe, muito longe da paz e a unidade tão clamadas na Bíblia sobre a qual Feliciano se senta para espalhar o ódio e o apelo à exclusão.

Genocidio provocado pelo capitalismo

Milhões de mortos provocados pelo capitalismo



É impossível de contar porque os crimes do capitalismo se atualizam minuto a minuto, hora por hora, dia a dia, semana a semana e assim até que nós ou o próprio capitalismo tenha o seu fim. (esperemos que a segunda opção seja a mais correta).


Há que ter em conta que estes dados não são permanentes, está incompleto sendo que houve mais mortes depois de 2002 e ao decorrer do século XIX e XX.


- Entre 1845 e 1849 morreram cerca de 2 milhões e meio de irlandeses pela fome provocada pela política colonial britânica.


- Em 1871, depois da derrota de Napoleão Bonaparte contra Bismarck, os trabalhadores franceses tomaram o poder em Paris, instaurando o governo da Comuna. A burguesia francesa e alemã se juntaram para reprimir a classe operária. O liberal Thiers comandava a repressão. Resultado: cerca de 100.000 trabalhadores assassinados, dezenas de milhares de detidos e mais de 7.000 deportados.


- Entre 1876 e 1902 encadeou uma série de fome, provocadas pelo colonialismo britânico através de suas políticas liberais e malthusians, na Índia, China, Brasil, Etiópia, Coreia, Vietnã, Filipinas e a Ilha da Nova Caledônia, que provocaram cerca de 60 milhões de mortos. Ao destacar a fome na Índia de 1876-1879 cujo o responsável direto foi o Governador geral da Índia, o britânico Lytton, que custou a vida de mais de 10 milhões de pessoas e a fome de 1896-1902, principalmente “graças” as políticas britânicas e a ideologia colonialista e racista do Governador geral George Curzon, no custou em 19 milhões de mortos.

Também uma terrível fome isolou a Índia décadas mais tarde, em 1943-1944, custando ao redor de 4 milhões de mortos cuja responsabilidade recai sobre o Império britânico. Esta fome foi o estopim para a luta pela independência da Índia.

- Em 1898 os EUA se anexaram nas Filipinas, depois de prometer aos filipinos a soberania e a independência. Massacraram mais de 600.000 filipinos.


- Em 1902 os britânicos invadem a África do Sul, para tirar com violência os outros imperialistas, os holandeses. A guerra provoca mais de 100.000 mortes. Os britânicos utilizaram campos de concentração, que serviriam de exemplo a Hitler para sues campos de extermínio.


- Entre 1904 e 1907 os imperialistas alemães exterminam na Namíbia a 65.000 dos hererós (70% da população) e 10.000 namaquas (50% do total da população namaqua).


- Na conferência de Berlim de 1884-1885 as potências coloniais cedem o Congo para a Bélgica. Desde essa data até 1907 foram assassinados cerca de 10 milhões de congoleses pelas tentativas de Leopoldo II de controlas o mercado da produção do caucho.


- Em 1911, com a maior parte da indústria e da banca em mãos do capital estrangeiro (inglês e francês principalmente), morreram na Rússia pela fome cerca de 10 milhões de pessoas.


- Em 1914 temos início a Grande Guerra, na qual os ladrões imperialistas se repartem, através das armas, o mundo. Morreram aproximadamente 18 milhões de pessoas, com cerca de 8 milhões de desaparecidos. Devido as condições higiênicas, a aglomeração e o desaparecimento de tropas se expandiu por todo o mundo a pandemia da “Gripe espanhola”, causadora de mais de 50 milhões de mortes. A Sociedade das Nações definiu assim a natureza e os responsáveis da I GM, em 1921: (As empresas de armamento fortaleceram a política de guerra convenceram aos seus próprios países a cultivar tal política e a elevar o seu armamento. No próprio país e no estrangeiro essas empresas trataram de subornar os funcionários do governo. Os fabricantes de armas divulgaram falsas notícias acerca dos programas militares e navais de distintos países para elevar os gastos no armamento. Mediante o controle da imprensa própria e estrangeira, tais empresas trataram de influir na opinião pública. As empresas de armamento organizaram redes armamentistas internacionais que aumentou a porfia armamentista servindo assim de umas nações como bases contra as outras. Se organizaram trustes internacionais que elevaram os preços do armamento).


- Depois da Revolução de Outubro, a burguesia e a nobreza russa se lançam na guerra civil contra o Poder dos operários e camponeses. 14 potências imperialistas intervem em favor dos “brancos”. Entre a guerra e a fome dos anos 20 provocada pela especulação dos kulaks, e o bloqueio econômico e o “cordão sanitário” imposto pelos imperialistas, faleceram cerca de 22 milhões de russos.


- E não somente na Rússia bolchevique, o “terror branco” se destacou por toda Europa. Na Alemanha o governo social-democrata de Noske massacra os espartaquistas. De 1918 a 1923 a repressão assassina 200.000 pessoas na Finlândia, Países Bálticos, Hungria, Romênia, Polônia, Bulgária e a citada Alemanha. De 1925 a 1935 o “terror branco” imposto pela burguesia monopolista para estabilizar o seu domínio e esmagar a revolução e as organizações operárias custaram a humanidade: 5.187.000 de presos; 3.820.000 feridos; 3.409.000 assassinados; 243.000 sentencias de morte.


- As intervenções militares dos EUA na América Central, do Sul e no Caribe entre 1910 e 1940 causaram mais de 50.000 mortes.


- Em 1945, os bombardeios indiscriminados sobre a população civil por parte dos imperialistas anglo-americanos causaram mais de 200.000 mortos em Dresden e cerca de 60.000 em Hamburgo.


- Em 1945, enquanto os japoneses negociavam sua rendição com os soviéticos, os EUA lançam a primeira bomba nuclear sobre Hiroshima. Seus científicos militares ordenam não avisar a população civil, para comprovar os efeitos da dita arma. As vítimas superam as 150.000. Em Nagasaki, onde lançou a segunda bomba, cerca de 75.000. Ademais, os EUA bombardearam indiscriminadamente a população civil, criando uma lista de “cidades a serem destruídas”. Mais de 700.000 mortos.


- Em 1946 a marinha francesa bombardeia a cidade de Haifong no Vietnã, assassinando milhares de civis; começa então uma larga guerra de libertação na qual, somente até 1955, os franceses haviam matado mais de 1.200.000 de vietnamitas; “pela política de fome desenvolvida pelos franceses, no qual recolheram e armazenaram todo o arroz disponível até que chegar ao ponto de se apodrecer”, palavras de Ho Chi Minh


- Entre 1946 e 1960 os britânicos instauram o Estado de exceção na Malásia, contra o avanço da guerrilha comunista. Cerca de 12.000 foram assassinados.


- Dois anos mais tarde, em Deir Yassin, trezentos palestinos foram assassinados por Israel depois de serem obrigados a abandonar as suas terras.


- Nesse mesmo ano de 1948 os imperialistas dividem o Paquistão e a Índia assassinando 300.000 inocentes.


- Durante os processos de independência em Madagascar, Argélia, Marrocos, Tunísia e a África, esses mesmos “democratas” mataram pelas armas ou facas mais de 500.000 civis. No Quênia os britânicos criam campos de concentração no qual prenderam a comunidade kikuyu.


- Em 1950 começa a invasão da Coreia pelo exército dos EUA, que ademais ameaça a lançar bombas nucleares sobre a China. 778.000 foram mortos de baixas por parte da Coreia do Sul; por parte da Coreia do Norte foram 1.187.000 desses 1.545.000 foram soldados, além de 2,5 milhões de civis mortos ou feridos. Também temos que somar 54.000 estadunidense e 500.000 chineses (entre eles o filho de Mao Zedong, Mao Anying).


- Em 1952 a polícia francesa assassinava no Marrocos 52 independentistas e em 53, em Kebia, sessenta e cinco palestinos foram ultimados pelos legionários israelenses, por reclamar pela devolução de suas terras.


- Em 1954 a CIA e os marinheiros norte-americanos derrotam Jacobo Arbenz, presidente popular da Guatemala, elegido democráticamente nas eleições mais limpas que jamais foram feitas neste país, até os dias de hoje. Os esquadrões da morte adestrados pelos EUA mataram mais de 200.000 pessoas.


- Em 1956 os EUA invadia a República Dominicana, mais uma vez com seus soldados; massacram os palestinos em Kafr Qasim; tropas britânicas lançam ataques com todo o tipo de armamento matando 10.000 independentistas quenianos, começa a guerra pela independência da Argélia: A França então assassinou 1.200.000 de argelinos.


- Desde 1962 até 1975, as tropas dos EUA mataram 3.500.000 de vietnamitas, utilizando bombas proibidas pela Convenção de Genebra. Ademais, realizam o “Programa Phoenix”, encargado de vários assassinatos de pessoas consideradas suspeitas de serem comunistas, assassinando mais de 20.000 civis.


- Em 1961 a CIA e o Pentágono assassinam o revolucionário Patrício Lumumba. Em 1964 derrubam o Governo Popular do Congo e o Governo de João Goulart, presidente do Brasil. Em 1965 o governo dos EUA ajuda dar um golpe de Estado na Indonésia, o do general Suharto, assassinando 500.000 comunistas daquela nação, aparte de anexarem ao Timor Oriental (Timor Leste como conhecido atualmente) assassinando outros 500.000; e nessa mesma data a CIA organiza e executa Malcom X no Harlem.


- 1967: Estados Unidos e Inglaterra promovem a guerra de Biafra, Nigéria, que duraria três anos. Cerca de 3.000.000 de mortos.


- 1968: A polícia norte-americana assassina em Chicago o presidente dos Panteras Negras; bombardeiam os campos de refugiados no Líbano.


- 1970: Trinta alunos palestinos são assassinados nos ataques aéreos em Bahr e Bakr; Setembro Negro: mil palestinos são assassinados pelas bombas israelenses.


- 1972: Em Derry, o Exército britânico matam treze manifestantes na Irlanda do Norte. John Lennon compôs em honra aos mortos a canção “Sunday, bloody Sunday”, domingo sangrento traduzindo para o português, que por sinal foi o nome dado ao massacre contra os manifestantes.


- 1973: A CIA e o Pentágono derrotam o Governo da Unidade Popular, no Chile, que era presidido por Salvador Allende. Mais de 3.000 pessoas foram mortes e desaparecidas.


- Nesse mesmo ano assassinam Amílcar Cabral, líder independentista guineano; a CIA promove e financia a guerra e a repressão em Bangladesh: mais de 3.000.000 foram mortos.


- 1975: Oitenta mortos nos bombardeios israelenses, com armas dos EUA, contra alguns campos de refugiados palestinos nos Líbano.


- 1976: Outros dez camponeses palestinos morreram nas manifestações pelos territórios palestinos ocupados.


- 1977: A CIA e o governo dos EUA financiam e apoiam o golpe de estado e a ditadura na Argentina: quinze mil foram assassinados, trinta mil desaparecidos, quase dois milhões foram exilados, novo mil presos; e pouco mais tarde, de novo o governo dos Estados Unidos, através de sua agência de inteligência e o Pentágono, protege e respalda o gole militar da corte fascista na Coreia do Sul.


- 1980: Repressão em El Salvador: sessenta e cinco mil foram mortos e sete desaparecidos; repressão na Turquia, sem contabilizar o Curdistão, com mais de mil assassinatos, aproximadamente mil pessoas foram desaparecidas, 665.000 detidos, 11.000 presos; e ainda por cima, os EUA apoia a guerra entre o Irã e o Iraque, financiando ambos os lados, que duraria dez anos de conflitos: resultado, 600.000 mortos.


- 1982: Invasão do Líbano, com o resultado de 20.000 mortos; massacre em Shaba e Chatila: 18.000 mortos e 35.000 feridos; millhares de islamitas assassinados em Hama (Síria), durante uma insurreição


- 1983: Os soldados dos EUA invadem o Estado caribenho de Granada.


- 1984: No Marrocos, a polícia matou cem manifestantes na revolta do pão. O rei Juan Carlos de Borbón não disse nada. O governo de Felipe González tão pouco. A monarquia alauíta é “irmã” espiritual da espanhola.


- 1986: 300 presos políticos foram assassinados na cadeia de Lurigancho, Peru, enquanto 25.000 pessoas foram assassinadas nas ruas e os desaparecidos superam os números de onze mil.


- 1987: Começa a Intifada palestina, com mais de 2.000 assassinados por Israel.


- 1989: A aviação e os soldados norte-americanos bombardearam e invadem o Panamá, sequestrando o presidente Noriega, no qual foi preso; o número de mortos, milhares, muitos por apenas ser posicionarem contra a queda do presidente e a invasão dos EUA.


- 1990: O Exército profissional de Israel assassina vinte e dois palestinos na explanada das mesquitas.


- 1991: Guerra e o bloqueio contra o Iraque, com um saldo de 3.000.000 de mortos; repartição e guerra na Iugoslávia: 200.000 mortos.


- 1992: Invasão na Somália pelos soldados norte-americanos, provocando milhares de mortes, sem números detalhados, pois a maioria dos corpos tinha “outros fins”.


- 1993: Invasão no Sudão; golpe de Estado de Yeltsin, desenhado e planejado pelos EUA, contra a URSS. O povo russo que não concordou e não foram poucos pagaram caro, 200.000 mortos e uma dura crise em 1998, que é claro a mídia sequer fala a respeito disso.


- 1994: Massacre na mesquita de Hebron onde foram assassinados 52 palestinos; em Ruanda 1.000.000 de mortos; o Parlamento francês abre uma investigação para saber a possível responsabilidade de seu país. Um detalhe muito democrático.


- 1998: A OTAN bombardeia a Iugoslávia com armas radioativas proporcionadas pelos Estados Unidos, o povo sérvio é massacrado pelas tropas albanesas que depois da morte de Enver Hoxha e o fim do socialismo no país abrem as pernas para os EUA e é claro para os lacaios da União Europeia e a própria OTAN.


- 2002: Começa a guerra total contra o Islã. A mídia fala de Terrorismo Internacional. Acusam, sem provas que Bin Laden é o maior culpado por todas as “desgraças” contra o mundo (que é claro, na língua ocidental o mundo deles, pois para os mesmos o oriente não é mundo e sim atraso e terra dos comunistas). Saddam Hussein é culpado indiretamente e sem provas. Invasão no Iraque tem o seu início e o seu resultado: 200.000 assassinados, e entre eles Saddam. Claro esses números subiram muito nesses últimos 9 anos.


- 2011: Tropas da OTAN invadem a Líbia com a “desculpa” de “salvar” o povo líbio do “ditador tirano” Muammar Kadafi, milhares de civis foram mortos pelos bombardeios “humanitários” em prol pela “paz”, grande parte crianças e é claro como no Iraque, Kadafi também não escapou, foi brutalmente assassinado pelos mercenários do CNT, claro que isso tava no script. Kadafi sabia demais assim como Saddam e qualquer outro, pois quem sabe demais tem o seu preço, e o que acaba pagando é a sua própria vida.


- 2012: Mercenários turcos, líbios e do Qatar tomam Homs e praticam atos de terrorismo contra a população síria, a mídia financiada pelos EUA diz que são tropas do “ditador tirano” (sempre o mesmo jargão, que onda né?) Bashar al Assad. Mesmo com veto da China e da Rússia os terroristas matam sem piedade mulheres, crianças, idosos que são a favor de Bashar e da Síria livre do imperialismo, e a mídia como sempre, como papagaio repete o mesmo joguinho que a oposição “democrática e pacífica” sofre repressão das tropas do “ditador”, porém oculta que a mesma oposição mata sem piedade quem é a favor do mesmo “ditador”.



Bom, foi muito né? pois é. Muitos falam, falam não, repetem que o comunismo matou milhões, sequer apresentam provas, corpos ou nomes... Porém os crimes que esse sistema genocida onde a única linguagem que se entende é a do dinheiro ninguém fala nada, se ainda tem alguma dúvida é só pegar qualquer um dos crimes citados no post e jogar no Google. Enquanto esse sistema assassino continuar em prática os números serão maiores e inclusive eu, você, nós podemos ser vítima dele, e o que é pior, se o povo não abrir os olhos e saber as verdades sobre essa ditadura a tendência vem de mal a pior.

Religiões - Afro-brasileiras História


O universo das religiões afro-brasileiras é bastante complexo, visto que diferentes grupos étnicos deram origem a uma constelação de denominações religiosas. Nosso estudo concentra-se fundamentalmente em dois grandes grupos: a umbanda e o candomblé.
UMBANDA
Roger Bastide escreveu que a umbanda é a "nova religião dos brasileiros". Camargo disse que o crescimento da umbanda é comparável somente à vertiginosa expansão do pentecostalismo.
Para compreendermos de onde vem essa forma religiosa temos que entender sua origem no Brasil e o contexto no qual ela se desenvolve.
Origem africana?
Entre os negros que foram trazidos ao Brasil durante o período da escravidão, un grupo significativo provinha das culturas Bantos (área angolo-congolesa da Costa Ocidental e da Costa Oriental). Religiosamente, os Bantos conheciam o Ser-Supremo, denominado Zambi, mas suas práticas religiosas eram voltadas principalmente para o culto dos ancestrais, seres mortos que se comunicavam com os vivos através do processo da "possessão".
Os Bantos, cuja experiência religiosa era voltada para os antepassados, predominaram no sudeste brasileiro, nas áreas do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
A respeito do caráter negro da umbanda, a questão é bastante complexa. Mesmo admitindo uma herança africana de origem banto, pelo mesmo processo como essa religião foi se constituindo, evidencia-se que a "sociedade branca" foi se apossando desse movimento religioso.
Desde seu surgimento no Brasil, a umbanda passou por um processo acentuado de embranquecimento. Essa ideologia propõe o branco como ideal a ser alcançado e, conseqüentemente, cria mecanismos para a fusão e o desaparecimento das outras etnias.
Uma sessão de Umbanda com espadas militares invocando Ogum que se associa a São Jorge
É paradoxal, mas a umbanda nasce e se desenvolve neste clima que alimenta a negação do negro, mas aceitando, também, os pretos velhos como entidades benéficas que descem no terreiro.
É o reflexo de uma sociedade ambivalente e ambígua. Fala de democracia racial, mas o modelo é dos países brancos desenvolvidos; teoriza a harmonia das raças, quando, no entanto, as favelas estão cheias de negros.
Se, de um lado, exsiste um projeto de atenuar as diferenças, de outro, o que se oculta é uma grande desigualdade racial e estrutural.
Surgimento da umbanda
A questão do surgimento desse grupo religioso no Brasil é, ainda hoje, sujeita a controvérsia, mesmo entre os umbandistas.
Alguns insistem em afirmar a descendência dessa religião das formas africanas introduzidas no Brasil nos anos da escravidão.
A maioria dos estudiosos concorda em dizer que houve uma fusão entre a macumba e o espiritismo de Allan Kardec. Esse processo parece ter começado nos anos 1920 ou 1930. Um grupo da população branca e pobre que já tinha tido uma ligação com o espiritismo, cansado com o extremo intelectualismo desse último, procurou se aproximar da macumba e de suas formas vibrantes. Surgiu um conjunto religioso que se denominou "umbanda".
Segundo a antropóloga Diana Brown, outros elementos religiosos foram se incorporando à umbanda: a feitiçaria e as práticas mágicas que parecem ter atingido no Rio neste tempo um grau de extraordinário desenvolvimento; e o Catolicismo que foi se associando, a partir do período da escravidão, a algumas religiões africanas.
O primeiro centro religioso
Oferecer comida ao orixá tem por objetivo básico a troca de energia e o champagne substitui a tracional bebida dos orixás - a aluá
É do relato de Diana Brown que aprendemos como surgiu o primeiro centro de umbanda. Conforme conta, por volta de 1920, um jovem de nome Zélio Moraes ficou paralítico. Diante do fracasso do tratamento médico, seu pai, corretor de imóveis em Niterói e adepto do kardecismo, levou-o para uma consulta na Federação Espírita Brasileira, no Rio. Lá, a entidade espiritual de um padre jesuíta disse-lhes que ele devia fundar uma nova religião. Devia ser uma religião tipicamente brasileira dedicada à veneração de espíritos de caboclos, índios e pretos velhos. Esses mesmos espíritos tinham sido excluídos das sessões do espiritismo de Allan Kardec.
Logo depois, Zélio recebeu a visita do caboclo das Sete Encruzilhadas. Foi-lhe dito que fundasse uma nova religião chamada umbanda. Assim, começou o primeiro centro de umbanda: o Centro Espírita Nossa Senhora da Piedade. Em 1938, depois de anos de mudanças, o centro instalou-se num grande prédio do centro do Rio, onde continua até hoje.
A ilusão da democracia racial
O período aproximado do surgimento da umbanda (1920 ou 1930) é uma época em que no Brasil se inicia o processo de industrialização. Com a industrialização as grandes cidades do Sul do Brasil incham-se de novas forças de trabalho. A urbanização começa a se afirmar e a mover grandes passos.
É uma época, também, em que, politicamente, se percebe a necessidade de dar um rosto a tantos povos, através da unificação, de fato, de uma nação. Getúlio Vargas, então presidente, preocupa-se em criar um novo conceito, o de nacionalidade, algo que pudesse favorecer uma identidade aos "muitos" brasileiros.
Culturalmente, surge neste período a obra prima de Gilberto Freire: "Casa Grande e Senzala".
Existe neste escrito uma preocupação em unificar o diverso e estabalecer um suporte a uma nação que está se reconhecendo como tal. Miscigenação racial e democracia racial são termos apropriados para definir uma identidade de um povo variado e diversificado.
É nesse contexto que surge a umbanda com o projeto de integrar raças e etnias diferentes, criando a harmonia de uma nação. O pai de santo umbandista incorpora dentro de si, numa mesma pessoa, as três etnias e, num ritual religioso, faz desaparecer as diferenças, fundindo as três raças.
Essa questão que elimina as diversidades, a favor de um suposta unidade, de fato, consegue abolir as divergências e as contradições, mas se insere num processo mais sutil de integração. Quando se afirma que a umbanda é uma religião "integradora" do negro na sociedade moderna e lhe favorece uma identidade, significa dissolver a especificidade da cultura negra com o intuito de esconder a real situação do negro. Nega-se, portanto, o potencial desse povo a favor de uma democracia racial. A ideologia do branqueamento perpassa constantemente a realidade da religião umbandista.
O crescimento dos terreiros de umbanda
No Brasil como um todo , é quase impossível determinar o número dos adeptos e dos freqüentadores da umbanda. Antes de tudo, essa forma religiosa só entrou no recenseamento em 1965 e, depois, a maioria continua se declarando católica, mesmo que tenha uma freqüência regular da umbanda. Pesquisas mais detalhadas foram empreendidas na cidade de São Paulo pelos pesquisadores Concone e Negrão do Centro de Estudos da Religião (CER). Pesquisando em 1982 os Cartórios de Registros de Títulos e Documentos, os dois especialistas encontraram que, em São Paulo, havia 16.600 lugares em que se praticavam as religiões mediúnicas. As casas de culto eram assim distribuídas: 12.960 terreiros de umbanda, 2.467 centros espíritas e 1.173 tendas de candomblé.
Numa comparação mais detalhada de dados, percebe-se o acentuado crescimento da umbanda. Na década de 30, encontravam-se registrados 27 terreiros; na década de 40, mais 48 terreiros; nos anos 50, mais 1025; na década de 60, 2.836 novas casas de culto foram registradas. No ano de 1982, o total dos terreiros somava o número significativo de 12.960 unidades. Se admitirmos que nem todos os lugares de culto se encontram registrados, chega-se à conclusão de que os índices seriam ainda maiores.
Dar um rosto
O primeiro dos anseios da população que a umbanda quer satisfazer é dar um rosto a indivíduos que se desintegraram no processo migratório. Desenraizados de seu mundo e sem nenhuma referência a valores familiares compartilhados pelos vizinhos, esses indivíduos vivem no vazio e sem identidade. O outro mundo e a cidade grande reduziram-nos a números e a conglomerados. O terreiro apresenta-se, muitas vezes, como o lugar de encontro. Logo de início, aparece a figura da mãe de santo, acolhedora e familiar. Os adeptos chamam-se de irmãos entre si. A visão do mundo adapta-se melhor a um ambiente urbanizado. Também as ligações primárias são reconstruídas, isto é, as ligações com os membros da família e dos vizinhos são recuperadas.
Aliviando tensões
O aspecto terapêutico também desempenha um papel notável. Diante de um sistema de saúde falho e precário; diante de uma acentuação de doenças psicossomáticas (isto é, de doenças do corpo ligadas a problemas psicológicos) que nascem das migrações violentas; e diante de uma instabilidade social e econômica sempre mais difícil de se lidar, a umbanda apresenta-se como aliviadora de tensões.
A inserção da umbanda em seu contexto cultural e social permite-nos identificar as falhas de uma sociedade excludente e, também, a exacerbação de necessidades que geram ainda mais a desconfiança e a insegurança.
O jeitinho e a malandragem
Um antropólogo de origem inglesa, radicado no Brasil, chamou a atenção para um aspecto que a primeira vista maravilhou a muitos. Peter Fry sustentava que a umbanda é preferida pelas pessoas que, diariamente, estão acostumadas a manipular através do jeitinho e da malandragem. A manipulação das entidades para obter favores insere-se num fundo de uma vida recheada de jeitinhos e favores.
Neste sentido a umbanda parece espelhar uma particular maneira de ser do capitalismo brasileiro e o reforça. Mostra que o sucesso na vida pode ser obtido não necessariamente através de canais oficiais de trabalho e estudo, mas também pela manipulação de relacionamentos pessoais, pedidos de favor e troca de benefícios.
A umbanda como religião
Os estudiosos costumam dividir as religiões em duas grandes categorias: as que ficam restritas a um grupo étnico (povo, raça, etc.) e as que vão além de um só grupo.
Sem dúvida, a umbanda pertence à segunda categoria. Desde seu aparecimento no Brasil, ela se apresentou como uma religião presente em diferentes raças e classes sociais. Diferentes revistas e jornais apresentam a umbanda como um movimento que cruza fronteiras e cujo culto já chega à Argentina, ao Uruguay, aos Estados Unidos e até à Itália.
Para entender melhor essa forma religiosa, podemos analisar cinco dimensões que, sempre segundo os estudiosos da história das religiões, caracterizam uma religião presente em diferentes camadas sociais.
As dimensões são as seguintes:
  1. o grupo de fiéis;
  2. a cosmovisão ou a ideologia;
  3. a experiência religiosa;
  4. a ética ou o conjunto de princípios de comportamento;
  5. o ritual.
1. O grupo dos fiéis
Quando uma pessoa procura a umbanda, é recebida por um grupo com o qual é fácil relacionar-se. Trata-se, em geral, de um grupo relativamente pequeno e, logo de início, se estabelece uma intensa ligação afetiva. A figura da mãe ou do pai de santo é extremamente acolhedora, transmitindo muita segurança. A pessoa sente-se em casa.
O pequeno grupo ajuda a reconstruir os laços que foram quebrados de diferentes maneiras, muitas vezes por causa de uma migração forçada, vencendo assim o anonimato e a massificação que constituem uma grande ameaça para qualquer um. Nasce, portanto, uma nova e gratificante experiência de relações entre pessoas: todos se entendem logo.
Isso não quer dizer que tudo seja paz no mundo da umbanda. Há "guerra de santos e de orixás" e há também muitas tensões no relacionamento. O processo pelo qual surge um novo terreiro é, muitas vezes, causado por dissenções internas, por rivalidades e desentendimentos. Também é verdade que o pai ou a mãe de santo nem sempre conseguem controlar as ansiedades.
Vale para a umbanda o que Rudolph Otto diz de todo poder sagrado: ele exerce uma grande fascinação e ao mesmo tempo atemoriza.
2. A cosmovisão ou a ideologia
Cosmovisão é uma palavra que se refere à maneira como alguém vê o mundo. Inclui também as respostas que são dadas aos grandes porquês da vida humana.
Cada grupo religioso tem sua cosmovisão. Também a umbanda oferece respostas plausíveis, concretas, imediatas e eficazes.
Eis um caso concreto que ajuda a entender o que queremos dizer. Dona Joana, afetada por uma doença nervosa, depois de ter procurado inutilmente médicos e psicólogos, é convidada a visitar un terreiro. Seu problema de loucura é logo detectado: trata-se de sete encostos que atrapalham sua vida.
O que foi que aconteceu e que deve ser atentamente analisado? Foi dada uma explicação concreta. Estabeleceu-se uma ordem no caos da cabeça da mulher. Dona Joana entendeu a explicação porque foi explicada com elementos que fazem parte do dia-a-dia da gente humilde.
A sintonia com a maneira de pensar e de falar dos fiéis e a rapidez com que é feito o diagnóstico tornam a visão do mundo extremamente eficaz. Essa rapidez de interpretação traz alívio, esclarece o problema e pode ser um começo de cura.
Religiosidade popular
O mundo da umbanda é povoado de espíritos e entidades espirituais que regulam a vida quotidiana e permitem que o fiel se relacione facilmente com o universo das realidades sagradas.
Essa maneira de ver o mundo não é prerrogativa do universo umbandista, mas é facilmente encontrada em toda forma de religiosidade popular. A religiosidade dos católicos de origem rural tem seu mundo povoado de almas e santos que interferem constantemente na vida diária.
Historicamente, houve uma associação entre entidades espirituais da umbanda e os santos católicos de devoção, como visualiza muito bem o quadro da construção simbólica da umbanda num texto de Gabriel Chester (Cfr. p. 9)
A umbanda, portanto, mergulha no tipo de crença religiosa que revela a interferência do espiritual sobre o cotidiano: é o mundo espiritual que regula e harmoniza as coisas.
3. A experiência religiosa
O que marca em profundidade o participante da umbanda é a experiência religiosa. Essa experiência de contato com a divindade acontece em dois momentos: o primeiro momento é o inicial, quando o adepto tem a impressão de estar sendo chamado por um determinado espírito; o segundo, durante o momento ritual, quando a entidade continua tomando conta da pessoa.
No começo
Cada pai de santo ou filho de santo conta que, no começo de sua iniciação, houve uma experiência muito intensa de contato com a divindade, quase sempre motivada por um sofrimento muito intenso e sem uma explicação plausível.
Esse sofrimento inicial é interpretado como condicionado ou produzido por forças de outra ordem que a sociedade circunstante, muitas vezes, não compreende e estigmatiza como manifestação da loucura.
A pessoa atingida por essa experiência procura resistir e não quer se entregar a esta possível explicação. Tal resistência e sua persistência, porém, indicam a inelutabilidade do caminho a ser seguido.
No fim, a aceitação acarreta uma atitude de alívio e comporta uma missão no seio da comunidade. Um pai de santo conta: "Não vou me importar com aquilo que as pessoas pensem ou digam. O suficiente é que eu saiba o que eu estou fazendo. Porque eu não quero nada para prejudicar ninguém. Se for para ajudar a aliviar a dor dos meus semelhantes, eu aceito de bom gosto. Eu aceito também para aliviar a minha dor."
No ritual
Há momentos em que a experiência mística é vivenciada em toda a sua intensidade e que acontece durante o momento ritual da descida das entidades. Usualmente, esse momento é chamado de "transe". A entidade espiritual toma conta do sujeito, o qual lhe empresta sua própria pessoa. Há um contato direto com as divindades. O êxtase, a descida dos espíritos e a possessão recompõem a unidade com o sagrado, aliviam o fiel crente e permite que a cura se realize e que a situação problemática seja sanada.
4. A ética
Toda religião tem conseqüências éticas ou morais. A ética é um código de valores diretamente ligada à visão de mundo. A umbanda sustenta-se num universo povoado por espíritos e entidades que regulam o ritmo da vida cotidiana. A relação que se estabelece entre pessoas e deuses orienta, também, o comportamento dos seres humanos entre si.
Visão do mundo e relações humanas
Se, de um lado, as entidades espirituais ajudam a estabelecer uma ordem no caos da vida diária, há seres, porém, que podem atrapalhar. É exigido, neste caso, um ritual para apaziguar e tornar benévolos esses seres. As entidades negativas não podem ser expulsas de uma só vez; nem isso seria possível. A umbanda precisa exorcizar o mal para que, uma vez domesticado, possa concorrer para o bem.
Há, portanto, um aliciamento dos exus (entidades ambíguas), para que possam ajudar a sessão ritual e a vida do adepto. O equilíbrio acontece, antes, numa composição de forças aparentemente contrastantes.
O mesmo princípio traduz-se, também, na vida cotidiana e no relacionamento entre as pessoas. O que se apresenta marginal e desviante na nossa sociedade não é excluído e eliminado, mas aliciado e assumido dentro da umbanda. As prostitutas, os homossexuais, os bandidos têm um lugar aceito dentro desta forma religiosa.
A caridade
O elemento que permite uma rearticulação de forças antagônicas é a caridade. É ela que possibilita uma harmonia entre opostos. É um elo imprescindível de equilíbrio e inclusão. Daí a ênfase dada na umbanda à caridade.
A mesma doença, em todos suas manifestações, é sempre uma alteração de um equilíbrio entre dois pólos: o positivo e o negativo. É, como tal, a pontualização de um conflito em que há brigas de entidades. Fazer obrigações, fazer o bem a quem precisa, ajuda a controlar o estado de ansiedade, proporciona um alívio e pode permitir a cura.
5. O ritual umbandista
Toda religião tem um ritual simples ou complexo. A umbanda é um movimento religioso centrado quase que exclusivamente no ritual.
O grupo religioso encontra-se e reúne-se para celebrar os momentos da vida. O primeiro contacto que um novo adepto tem com o grupo é sempre durante a sessão ritual.
A mesma cosmovisão é apreendida durante o rito. É alí que se vê, se experimenta e se assume uma particular maneira de ver a realidade. Esse saber é fruto não tanto de explicações teóricas e de doutrinas, mas de uma aprendizagem por contaminação.
Também a experiência mística é vivida em toda sua intensidade durante o momento ritual. As entidades espirituais descem nas pessoas que fazem parte do grupo religioso e que estão participando do ritual.
Por último, também, a prática da caridade, como momento ético privilegiado, dá-se principalmente durante o momento ritual. É ali que os espíritos descem para trabalhar e cumprir sua missão. Praticam a caridade na terra, mitigando os sofrimentos dos consulentes e aliviando os problemas das pessoas. Os pretos velhos e os caboclos sugerem que a dor não pode ser entendida como algo de negativo, mas como purificação, aceitação e catarse.
OS VÁRIOS MOMENTOS DO RITUAL UMBANDISTA
Cantos introdutórios: várias músicas são cantadas e prepara-se o ambiente da sessão.
Defumações: são incensados os médiuns individualmente e o povo como um todo.
Chegada do pai de santo que dá início à sessão.
O pai de santo entra em transe e incorpora as entidades espirituais.
Os médiuns e os filhos de santo entram em transe. Começa o aconselhamento e a cura.
Antes de terminar a sessão, há compromissos com os orixás. A sessão termina com saudações.
Candomblé
A África está na origem da religião dos orixás
A cosmovisão africana influencia os símbolos do candomblé, mas também o processo da escravidão e o transplante violento da religião nagô no Brasil estão refletidos na composição do candomblé.
O axé
A visão do mundo africana, centrada no eixo religioso da vida, faz com que todos os elementos, animados e inanimados, sejam imbuídos de uma força vital que promove a ação e é fonte de poder e eficácia. Essa força, chamada axé na língua nagô ou ioruba, permite acontecer o devir. É uma força inerente às realidades e torna possível o processo vital.
Juana Elbein dos Santos, uma grande estudiosa do candomblé, diz que o axé reside no sangue dos seres vivos e nas substâncias essenciais de cada ser, simples ou complexo, que compõe o mundo.
Os ritos de passagem, os ritos de casamentos, os ritos de nascimento e de iniciação transmitem o axé, sendo que esta força entra em contato com a pessoa e com os objetos sagrados.
No mundo africano, tudo é cheio de vida e está vivo. É uma vida, às vezes, ameaçada por forças que atemorizam, mas é também um mundo de espíritos que protegem e acompanham as pessoas. São raios e trovões ameaçadores, mas também chuva e rios que permitem a colheita e a comida. O grande mistério da vida é celebrado nos rituais do nascimento e do casamento.

Início de uma sessão do candomblé, saudando a pedra sagrada
O Deus supremo e os orixás
O Deus supremo e uma infinidade de seres intermediários garantem a unidade e o dinamismo da vida africana. Olorum, o Deus supremo, pode entrar em contacto com os humanos através dos orixás ou divindades intermediárias. Estes últimos são forças, axé, energia vital provinda de antepassados excepcionais. Incorporando-se em pessoas, recebem devoção e respeito, mas também fornecem proteção e força.
A pessoa humana e a comunidade
O africano é um "ser com" e "vive com". Fora da comunidade, sente-se isolado, ameaçado, desamparado e perdido. Tem sempre uma necessidade de manter ligações com membros de sua família, clã e o grupo social menor. No interior do clã, que é uma unidade de vida, vivos e defuntos convivem numa simbiose coletiva. Também os defuntos continuam como parte integrante da vida, estabelecendo uma solidariedade de destino com os vivos sobre esta terra.
A pessoa africana encontra sua força vital, seu sentido, seu potencial de ser enquanto se encontra unido a outros, visíveis e invisíveis. Fora da comunidade é só confusão e morte.
Os ideais de vida
Os princípios éticos dos africanos estão enraizados em conceitos chaves como vida, solidariedade clânica, força e harmonia.
A vida é um bem que deve ser preservado e defendido, procurado e intensificado. Comunicar a vida é a expressão ética fundamental. A mulher-mãe é valorizada e a sexualidade protegida porque se inscrevem no imperativo de transmitir vida. A morte, mesmo que recuperada num nível superior, representa uma diminuição de vida e, como tal, traz sofrimento e carência de energia vital.
A solidariedade clânica representa o princípio de identificação e de existência. Fora do clã continua subsistindo a ausência de leis normativas e a confusão. Há perda de referência e desintegração do indivíduo. É como se um ramo fosse cortado da árvore que o alimenta: seca e torna-se ineficaz.
A força, também física, é procurada como valor indispensável. Maior força indica maior possibilidade de sobreviver em contextos muitas vezes difíceis, como a floresta e a ameaça dos animais ferozes.
Também a harmonia é um bem a ser preservado. O equilíbrio clânico e o uso harmônico da força fazem do africano um ser potencialmente capaz de se tornar um ancestral e, como tal, respeitado e símbolo de uma existência realizada.
O transplante violento dos africanos para o Brasil
O candomblé é sim revelador de matrizes culturais africanas, mas também guarda no seu íntimo o trauma do transplante violento do escravo africano e de suas religiões para o Brasil.
A escravatura dos negros representa a chave de interpretação da sobrevivência e da proliferação das religiões africanas no Brasil. Fala-se de 3,6 milhões de negros trazidos, à força, como escravos para o Brasil.
Eles provinham de diferentes países africanos e de diferentes tradições religiosas. Nos portos da África, os negros eram reunidos na espera da chegada de um navio negreiro. Amontoados como animais, eram selecionados e misturados.
Chegando ao Brasil, os negros eram vendidos nos mercados de escravos e, depois, levados a diferentes locais de trabalho. As crueldades e a decomposição da humanidade eram associadas a fim de controlá-los como exclusiva força de trabalho.
Mesmo que em adversas situações, esmagadas pelo ingente peso da escravidão e não obstante a imposição formal do catolicismo, as referências às memórias passadas eram o único vínculo com uma humanidade que ainda subsistia. Sobretudo as tradições religiosas negras mantiveram-se às escondidas por 400 anos e, em muitos casos, reconstruídas dentro de novos contextos e circunstâncias. Controladas pelo catolicismo dominante e misturadas com o catolicismo popular de matriz lusitana, as peças mantiveram-se mimetizadas e resistentes.
Os terreiros foram os espaços vitais para recriar os espaços simbólicos e a manutenção da vida tradicional. Na Nigéria e em Daomé, os orixás eram cultuados em cidades ou num país inteiro; no Brasil, o espaço de recriação cultual concentrou-se nas unidades dos terreiros. Nesses espaços sagrados foi simbolicamente concentrada a totalidade do mundo africano. E foi assim que, por muito tempo, as religiões africanas adaptaram-se, recriaram-se e sobreviveram no contexto brasileiro.
1.º O grupo religioso do candomblé
Foi especialmente nos terreiros que se mantiveram vivos os sistemas culturais herdados.
Terreiros
Os terreiros são comunidades de vida em que a cosmovisão africana mantém-se presente e viva, em que a reconstrução familiar-clânica continua subsistindo e em que a vida comunitária revela os traços culturais dos africanos.
Todos os membros encontram-se unidos na mesma fé, protegidos pelos orixás, submissos a uma autoridade religiosa e espiritual e em que uma solidariedade econômica-religiosa fundamenta a co-responsabilidade do trabalho.
A autoridade espiritual e moral está concentrada nas mãos dos "pais" ou "mães de santo", chamados também de "babalorixás"ou "ialorixás". O nome "mãe" e "pai" significa que os adeptos aceitam uma segunda educação pelas mãos de pessoas significativas em suas vidas.
Cabe aos chefes do terreiro presidir as cerimônias religiosas, receber os convidados, raspar a cabeça dos iniciados, supervisionar os ritos e apontar os novos iniciados.
A estrutura do candomblé inclui duas categorias de pessoas: os iniciados propriamente ditos e os titulares, de pessoas executivas e honoríficas. Os primeiros percorrem todo o processo formal de iniciação, do aspirante ao superior religioso do terreiro. O segundo grupo é representado pelos "ogãs", pessoas que exercem um cargo executivo e honorífico no candomblé e que contribuem para solucionar problemas jurídicos, formam um corpo seleto de prestígio.
Os terreiros contemplam uma certa autonomia, mesmo que haja um relacionamento entre eles. A autonomia é fonte de prestígio e, muitas vezes, também de conflitos e tensões entre os babalorixás. Sendo uma realidade relativamente autônoma, a interdição do incesto regula as relações entre os membros; visto que todos participam do mesmo axé, a interdição sexual entre os membros da mesma família é constitutiva e normativa.
2.º A cosmovisão do candomblé
O mundo dos orixás representa uma vasta cosmologia, em que personagens históricas e mitos querem contar a estrutura imaginária da religião nagô. Damos sucintamente uma descrição, lembrando que é ao redor desses intermediários que se joga toda a estrutura ritual dessa religião.
Algumas observações são importantes na compreensão da cosmovisão iorubá. Antes de tudo, vários autores assinalam a coincidência extraordinária entre os caracteres típicos dos orixás e a personalidade dos adeptos. O orixá fogoso ou calmo está associado ao tipo humano com comportamento fogoso ou calmo e assim por diante.
Muitos orixás estão associados, também, a santos católicos. A realidade dessa combinação vem dos tempos da escravidão, quando a religião oficial católica impôs um verniz formal religioso sobre as religiões africanas. Externamente, os negros praticavam o catolicismo, mas, internamente, reviviam os mitos africanos.
O PANTEÃO IORUBÁ
Os Orixás
Olodumaré: é o deus supremo e distante, quase inacessível. Nenhum culto lhe é prestado. Ele se serve dos orixás para se comunicar.
Oxalá: também denominado com o nome de Obatalá, ocupa um lugar de primeiro plano. Foi o primeiro a ser criado por Olodumaré. Modelou os seres humanos, mas entrou em conflito com Ododua sobre a questão do controle das cidades. É sincretizado com o Senhor do Bomfim.
Ododua: representa mais um personagem histórico. É o fundador da cidade de Ifé e pai de muitos reis de diversas nações iorubás.
Xangô: foi rei de Oió. É o deus do trovão e da justiça. Usa roupa branca e vermelha e coroa na cabeça. É sincretizado com são Jerônimo, santo Antônio, são João e são Pedro.
Ogum: é o deus do ferro, da guerra e da tecnologia. Usa roupas de cor azul-escura, verde, amarela e vermelha. Na Bahia é sincretizado com santo Antônio de Pádua, o martelo dos hereges. No Rio de Janeiro, é associado a são Jorge.
Ossain: é a divindade das plantas medicinais e litúrgicas. É o detentor do axé. Veste-se de branco e verde-claro. É sincretizado com santo Onofre. Dizem ter uma perna só, podendo se manifestar no mato como o saci-pererê.
Orunmilá: é o companheiro de Ossain no ofício da adivinhação.
Obaluaê: também conhecido como Omolu e Zapanã, significa o "dono da terra. "É o deus da varíola, da peste e das doenças da pele. Suas cores são vermelho, amarelo e preto. Veste um capuz e cobertas de palha-da-costa enfeitadas com búzios. É sincretizado com são Lázaro, são Roque e são Sebastião.
Iemanjá: seu nome significa "mãe cujos filhos são peixes." É a deusa dos mares e das águas. Veste branco e azul. Seu dia é o sábado e é sincretizada com muitas das qualidades de Nossa Senhora.
Iansã: é a divindade dos ventos e das tempestades. De temperamento impetuoso. Sua roupa é de cor marrom-escura e vermelha. É sincretizada com santa Bárbara.
Oxum: é a rainha de todos os rios e exerce o poder sobre a água doce. Veste-se de azul-claro e verde-claro. É sincretizada com N.Sra. das Candeias e N. Sra. dos Prazeres.
Obá: sua dança é guerreira. Veste-se de branco e vermelho. É sincretizada com santa Joana D'Arc, santa Catarina e santa Marta.
Nanã Buruku: é uma divindade muito antiga. Veste-se de branco e azul. É sincretizada com Sant'Ana, sendo protetora das pessoas idosas e respeitáveis.
Exu: é um orixá de múltiplos e contraditórios aspectos. É um orixá mensageiro. Nada se faz sem ele. É desprovido de qualquer senso de moralidade. Tem também um lado bom e, se tratado bem, é serviçal e prestativo. As cores são o preto e o vermelho. É associado aos demônios. Todas as cerimônias começam com uma louvação prévia a Exu.
Oxossi: é um deus caçador. É o protetor dos caçadores, das matas e das florestas. Suas cores são verde e vermelho. É louvado às quintas-feiras e é sincretizado com são Sebastião, são Jorge, são Gabriel e outros.Iroco: é cultuado na gameleira-branca, sincretizado com são Francisco. Suas cores são verde-escuro e vermelho. É um orixá de culto muito restrito e pouco compreendido.
3.º A experiência religiosa do candomblé
Há pelo menos dois canais através dos quais se realiza a união entre os seres humanos e os deuses e antepassados.
O primeiro é o oráculo que preside todas as cerimônias do candomblé. Popularmente conhecido como jogo dos búzios, trata-se de uma técnica em que o babalorixá desvenda os mistérios da vida. Processos mais intuitivos ou formais podem ser usados, como o tempo de consulta pode variar, mas sempre o objetivo é o mesmo: clarear e desvendar os mistérios que envolvem a vida e a história humana.
Quando se jogam os búzios, é feito o diagnóstico. Os resultados são tratados com o ebô que é uma espécie de sacrifício ritual. Os males que se encontram dentro do cliente são espantados e desviados para objetos e animais que são levados para lugares determinados ou enterrados, segundo a indicação da consulta. O ebô tem um carácter terapêutico e libertador. A magia é sempre eficaz em si mesma, sem recorrer a particulares referências ao transcendente.
O outro canal que une diretamente o indivíduo ao sagrado é o processo ritual de iniciação. É um caminho sem volta sobre o qual é centrada toda a organização do candomblé. Representa o primeiro passo para subir na escala social, contribui para manter o grupo coeso e favorece a entrada na nova vida.
Os estágios da iniciação incluem os aspirantes (abiãs) que fazem os trabalhos humildes da casa e que devem revelar aptidão para o estado de santo. Conhecidos os deuses tutelares e confirmados pelo jogo de búzio, a abiã submete-se ao segundo estágio de iniciação. Este momento consiste no oferecimento da comida à sua cabeça, numa cerimônia chamada bori. O ritual de dar comida à cabeça é um dos mais registrados pela etnografia brasileira. É necessário alimentar o bori como é necessário alimentar o orixá. Faz-se o bori para fortalecer a cabeça.
Os banhos do abô, contendo diferentes ervas e sangue de vários animais acompanham este estágio e representam cerimônias preparatórias de purificação.
O tempo de confinamento da abiã no roncô (local separado preparado pela iaô) pode ser de vários dias ou de meses. É a iniciação propriamente dita, onde o iniciado aprende a lidar com seus deuses. O momento de passagem é a depilação, geralmente da cabeça. O iniciado torna-se familiar com as comidas, os sacrifícios e os animais típicos de seu orixá.
O terceiro estágio de iniciação é representado pelo momento ritual da saída de iaô. É o dia do nome, o dia do oruncó ou nome do santo. No barracão de danças a iaô aparece em público por três vezes, sendo a última vez com a roupa e os objetos rituais de seu orixá. Ela fala o nome de seu orixá e acompanha o ritual com danças e música especiais.
Em seguida, a iaô continua a cumprir suas práticas rituais, mas já se encontra num estágio particular de ascensão na hierarquia do terreiro. O contato íntimo do indivíduo com a divindade atinge níveis de fusão mística, fazendo com que permaneça envolvido por toda a vida.
4.º O ritual
Cada orixá tem um dia, ao longo do ano, que lhe é especialmente consagrado. Roupas rituais e cantos especiais que narram episódios míticos acompanham os dias de festa.
Além das cerimônias anuais para cada orixá, são de grande importância os ritos de casamento, de nascimento, de iniciação e também, os ritos fúnebres. É nestes momentos que se celebra o triunfo da vida sobre a morte. Os ritos fúnebres e os sacrifícios merecem especial destaque.
ORIXÁS CULTUADOS NO BRASIL
ORIXÁS
Oxalá O mais elevado dos deuses iorubás
Ogum Deus dos guerreiros
Xangô Deus do trovão
Oxum Deusa das águas doces, da fecundidade e do amor
Oiá-Iansã Deusa das tempestades, dos ventos e dos relâmpagos
Oxóssi Deus dos caçadores
Iemanjá Deusa dos mares e oceanos
Obaluaê - Omolu Deus da varíola e das doenças
Oxumaré Deusa da chuva e do arco-íris
Exu Mensageiro e guardião dos templos, das casas das pessoas
Ossain Divindade das plantas medicinais e litúrgicas
Obá Deusa dos rios
Nanã Deusa da lama
Logun Edé Deus andrógino, considerado o príncipe das matas
Ibejis Deuses da alegria, das brincadeiras e da infância
Olodumaré Deus supremo. Criador dos orixás
Fonte: Orixas, Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo, de Pierre Verger - editora Corrupio
O sacrifício como oferenda visa a conservar o equilíbrio entre o plano visível e o invisível. Dessa maneira, continua garantindo o fluxo da vida. A ação de graça por algo bem sucedido e a retribuição por algo oferecido fazem com que se estabeleça uma relação de troca entre os adeptos e as divindades. Muitas vezes, o sacrifício é o ato para aplacar as divindades ou para se proteger dos inimigos. São oferecidos animais domésticos cujos órgãos internos são imbuídos de forças especiais. O sangue, também, é oferecido como dádiva agradável à divindade.
O círculo que se estabelece entre o adepto, o sacrifício e o orixá, visa principalmente à transmissão e ao reforço do axé. Oferecendo a vida ao orixá, é o próprio ser humano que permanece revigorado.
Os ritos fúnebres também têm um lugar especial no candomblé. Eles estão vinculados ao próprio equilíbrio da vida, sendo a morte um momento de transformação, não de extinção. O corpo reintegra-se ao universo e o espírito continua a revigorar o grupo e o sistema. Quando é uma iaô ou ebome que morre, os ritos fúnebres duram três dias, quando, porém, é a própria ialorixá, os rituais prolongam-se por vários dias.
Os pertences rituais do defunto, segundo a indicação dos búzios, podem ser enterrados ou jogados num lugar retirado. O orixá do falecido pode tomar posse de um outro indivíduo, continuando assim sua morada sobre esta terra.
Há rituais também regionalizados e específicos para determinados orixás. Famosa é a cerimônia das águas de Oxalá que deu origem à cerimônia da lavagem do santuário da Igreja do Bonfim (em Salvador, Bahia) ou de Iemanjá, a mãe d'água que recebe homenagens nos dias 2 de fevereiro ou 8 de dezembro.
No Rio de Janeiro, é famosa a comemoração da passagem do ano (de 31 de dezembro para o 1 de Janeiro), quando barquinhos cheios de flores, de perfumes, de espelhos e de comida são oferecidos à grande mãe Iemanjá.
5.º A questão ética no candomblé
A origem africana forneceu, como vimos, parâmetros de comportamento entre o bem e o mal. Os ideais da proteção à vida, a solidariedade clânica, a busca da força e da harmonia regeram a estrutura da sociedade africana. A vinda forçada dos negros ao Brasil interrompeu essa harmonia e unidade. A ética e os princípios de comportamento fragmentaram-se, deixando para o momento ritual a reconstrução da unidade, mas dicotomizando o comportamento na vida normal.
Se considerarmos também que o candomblé esteja passando de uma fase de religião étnica para uma religião universal, em que adeptos de origem branca, intelectuais, executivos, profissionais e outros parecem engrossar os terreiros, sobretudo nas grandes cidades, novas questões de adaptação emergem para esta cosmovisão religiosa. Especialmente a questão ética é refletida e questionada.
Prandi, por exemplo, sugere que o princípio ético do "certo e errado", sendo limitado ao momento do rito no candomblé (em que a ligação ritual e a obrigação são extremamente importantes), deixa margem a diferentes interpretações morais no cotidiano. Em seu trabalho sobre candomblés, em São Paulo, após ter entrevistado dezenas de pessoas do alto clero do candomblé, chega à conclusão de que esta religião não conta com um corpo ético próprio. Tratar-se-ia de uma religião a-ética que usa imagens pré-éticas e que estaria florescendo em contextos urbanos marcados por uma cultura pós-moderna e pós-ética.
Evidentemente, ao redor dos redutos tradicionais do candomblé, como em Salvador, Bahia, refuta-se essa perspectiva e continua se afirmando uma originalidade ética do candomblé, centrada nos grandes valores africanos da solidariedade, da religião, da harmonia e da vida.

Qualidades do Orixá Oxumarê



Oxumaré é o Orixá do arco-íris e da transformação. É o Orixá das adivinhações, grande feiticeiro, babalawo e curador. Tem dupla representação, hora como arco-íris, hora como o homem serpente. Traz nas mãos duas cobras de metal amarelado ou branco, representa o lado masculino e feminino, dependendo do caminho. A sua saudação: A Run Boboi!!!, quer dizer: Vamos cultuar o intermediário que é elástico.
Qualidades nagô/vodun
Dan – Vodun conhecido e cultuado no ketu com o nome de Oxumare, é a cobra que participou da criação. É uma qualidade benéfica, ligada à chuva, à fertilidade e à abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê. Como tipo humano, é generoso e até perdulário.
Vodun Dangbé – É um Oxumaré mais velho que seria o pai de Dan; governa os movimentos dos astros. Menos agitado que Dan, possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto.
Vodun Becém – Dono do terreiro do Bogun, veste-se de branco e leva uma espada. Becém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo ambicioso, combativo de Oxumaré, menos afectado e menos superficial que Dan. Aido Wedo, também é uma qualidade de Oxumaré conhecida no Bogun.
Vodun Azaunodor – É o príncipe de branco que reside no Baobá, relacionado com os antepassados; come frutas e “leva tudo de dois”.
Vodun Frekuen – É o lado feminino de Oxumaré, representado pela Serpente mais venenosa. O lado masculino de Oxumaré é geralmente representado pelo Arco-Íris.
O Orixá Oxumare possui ainda vários outros nomes na África como no Brasil, que como acontece com todos os outros Orixás, se referem a cidades, lendas ou cultos específicos de uma determinada região, e com isso ganha suas particularidades e costumes; alguns dessas outros nomes são: Akemin, Botibonan, Besserin, Dakemin, Bafun, Makor, Arrolo, Danbale,Akotokuen, Kaforidan,Danjikú,Aido Wedo, Foken, Darrame, Averecy, Akoledura e Bakilá. Oxumare Araká é nome de uma mais antigas casas de candomblé na Bahia, o Ilê Axé Oxumare Araká.