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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Aborto - Visão espírita

A Visão Espírita do Aborto. 

O aborto é a expulsão de um “concepto” inviável. É esta a denominação que se dá ao feto que pesa até 500 gramas e cujo comprimento máximo é de 16 cms. Embora conste da literatura médica o caso de um feto que sobreviveu tendo um peso de apenas 397 gramas, os dados agora referidos são os que são aceites para a sua definição.
Sob o ponto de vista médico, há muitas classificações para o aborto, mas aqui vamos só referir-nos (e resumidamente) ao aborto provocado ou intencional.

Eticamente, há duas atitudes a tomar perante o embrião. Uma, é a de quem o considera uma coisa que pode ser descartada, que não tem uma dignidade intrínseca e da qual se pode dispor sem problemas. Esta é a ideia do “embrião-coisa”, que predomina na mente das pessoas que aceitam o aborto. Um exemplo típico desta atitude é a entrevista que Molly Yard (à época Presidente da Organização Nacional das Mulheres dos EUA) concedeu à revista brasileira “Isto É/Senhor”, de 23/08/89, e na qual afirmou:

“Num aborto praticado no primeiro trimestre da gravidez, o que se perde são algumas colheradas de células, mais nada. Aquilo não tem a menor viabilidade de ter vida independente fora do útero da mulher.” Esta é a visão distorcida do embrião, que é difundida pelas militantes pro-aborto – sobretudo pelas feministas –, com o objectivo de reduzir o extraordinário fenómeno da vida a um acontecimento banal e sem qualquer importância.
 
Quando se divulga a ideia de que o embrião não é senão uma “colherada de células”, uma “massa informe”, “aquilo”, ou algo que “pertence” à mulher, é óbvio que nela está implícita a noção de que é uma “coisa”. No entanto, científicamente falando, não há nada mais falso! Mas é óbvio o que se pretende obter com este rebaixamento: procura-se reduzir o embrião ao estado de “coisa”, para colocá-lo sob a exclusiva “competência” da mãe e completamente dependente do seu organismo, a fim de dar à grávida a “autonomia” para decidir se este vive ou morre. Tenta-se assim justificar o injustificável, isto é, negar ao zigoto (a célula-ovo) e ao embrião, o direito inalienável à vida!

Calcula-se que na Rússia são praticados cerca de seis milhões de abortos por ano, e nos Estados Unidos, no mesmo período, um milhão e seiscentos mil. Portanto, de dois em dois anos, os russos exterminam uma cidade de 12 milhões de habitantes e os Estados Unidos fazem o mesmo, mas de oito em oito anos.
A estatística mundial calculada por Steve Jones, director do mais antigo laboratório de Genética do mundo – o Galton Laboratory –, é assustadora: anualmente são provocados 60 milhões de abortos, contra os 90 milhões de crianças nascidas por ano (1).
 
Felizmente, há uma segunda atitude: a da personificação. O termo persona exprime o rosto humano, o aspecto irredutível da sua personalidade, “o mistério de ser o fim em si mesmo” (2). Deste modo, a pessoa tem o seu valor intrínseco, a sua dignidade ontológica, que consiste no simples facto de existir. No caso do “embrião-persona”, aplica-se-lhe o conceito de pessoa, embora as suas potencialidades não se tenham ainda desenvolvido. A Bioética Personalista privilegia este modelo. Neste paradigma, o embrião usufrui de um bem que lhe é outorgado: o direito à vida.
Do que fica dito, infere-se que as atitudes de “coisificação” ou de “personificação” do embrião, são as que vão determinar se se aceita ou não, o aborto provocado.
 
As razões científicas contra o aborto:
À primeira vista, pode parecer que as razões contra o aborto provocado estejam exclusivamente ligadas às questões religiosas, mas uma análise mais aprofundada mostra que estas têm raízes na própria ciência.

Vejamos qual é, para as Ciências da Vida, o verdadeiro significado do zigoto (a célula-ovo fertilizada). Para Moore e Persaud (3) “o desenvolvimento humano é um processo contínuo que começa quando o ovócito de uma mulher é fertilizado pelo espermatozóide de um homem. O desenvolvimento envolve muitas modificações que transformam uma única célula – o zigoto – num ser humano multicelular”. Ainda segundo estes ilustres embriologistas, o zigoto e o embrião inicial são organismos humanos vivos, nos quais já estão fixadas todas as bases do indivíduo adulto. Sendo assim, não é possível interromper qualquer ponto do continuum – zigoto, feto, criança, adulto, velho – sem provocar danos irreversíveis no bem maior que é a própria vida.

O caso é que os especialistas conhecem as qualidades da célula-ovo ou zigoto. Em nenhum outro momento da vida humana se vai ver um desenvolvimento semelhante: de 130 micrómetros (medida dimensional histológica), ela passará a um aumento ponderal de dez mil vezes, apenas nas primeiras 4 semanas. E há muito mais a dizer-se sobre a célula-ovo porque, em potência, esta contem nela própria todo o projecto de um novo ser, único e insubstituível.

A ciência oficial reconhece que não tem uma explicação para o processo da ontogénese. O Nobel de Bioquímica, François Jacob, afirmou que se sabe muito pouco sobre os processos reguladores dos embriões e sobre a sua capacidade de produzir tecidos e órgãos tridimensionais a partir das sequências unidimensionais existentes nas bases que estruturam os genes (4).

Dado o espaço, não é possível trazer aqui os outros argumentos que desenvolvemos no nosso livro “O Clamor da Vida”, tais como os que retirámos dos estudos sobre a origem da vida e o seu significado científico, com todas as consequências que daí advêm para as discussões bioéticas, morais, políticas e religiosas.
Mas pelo exposto, já se pode constatar não ser verdadeira a imagem passada pelos “opinion makers” (formadores de opinião) e pelas feministas, de que o embrião é uma massa informe, uma colherada de células sem importância. Esta orquestração anti-científica tem um objectivo muito claro: fazer da vida uma coisa banal, para manipular o embrião com mais liberdade.
 
O respeito pela Lei Divina:
Os últimos estudos e pesquisas científicas apontam para uma verdade clara como o cristal: a vida é um bem outorgado e, portanto, indisponível.
A “coisificação” do embrião é, por consequência, uma atitude errónea que precisa de ser revista.
Sendo a vida um bem concedido por Deus, sempre que se interfere para a destruir, está-se a cometer um crime passível de penalização.

Allan Kardec perguntou aos Espíritos se é racional ter para com o feto a mesma atenção que se tem para com o corpo de uma criança viva.
Na resposta, os Instrutores Espirituais realçaram a importância do respeito que se deve ter pela obra divina mesmo quando ainda está incompleta, porque esta obedece aos seus desígnios e estes ainda são insondáveis para nós, seres imperfeitos (5).

Salientaram também que o aborto é um crime (6) porque a mãe, ou qualquer outra pessoa, está a impedir que essa alma passe pelas provas de que precisa para se aperfeiçoar, as quais lhe são concedidas através do corpo físico. Os Instrutores também disseram a Kardec que só é permitido que se intervenha, quando há um perigo de vida iminente para a gestante (7) e se se tem a intenção de salvar-lhe a vida e não de destruir o feto – embora isso possa acontecer como consequência do salvamento. No entanto, hoje em dia, estes casos são cada vez mais raros devido aos avanços da tecnologia médica.

Como é que se pode compreender que a consciência da mulher não a acuse pelo crime do aborto que está prestes a cometer?
Por que é que ela expulsa o feto que abrigou nas suas entranhas, contrariando assim todos os sentimentos (para os quais foi psiquicamente construída durante milhões de anos de evolução) e concretiza essa violência contra si própria?

Sabemos que há inúmeros factores que levam a mulher a cometer um aborto, mas os que inegavelmente têm mais peso são a falta de informação quanto ao seu próprio corpo e às possibilidades de um planeamento familiar, e o egoísmo, agravado por uma visão hedonista da vida. Nós, que ficamos horrorizados por pensarmos que podemos pisar um ovo de pássaro e destruir a avezinha que está lá dentro a desenvolver-se, somos levados a acreditar – através do raciocínio materialista – que o embrião humano não tem nenhum valor, pelo que pode ser extirpado, sem que os responsáveis tenham qualquer problema de consciência.
E não podemos esquecer-nos de que o gesto intencional que determina a morte do feto é um dos mais cruéis e cobardes, porque a vítima não se pode defender…
 
Consequências psicofísicas e espirituais:
Embora a maternidade tenha um apelo acentuado no psiquismo da mulher, a razão nem sempre é um guia infalível e o resultado é que a mãe acaba por praticar o acto violento contra o filho e contra si própria, quando todo o seu ser foi construído para resguardar a vida que se desenvolve no seu seio. Nos casos do aborto provocado, a razão é deturpada “pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo” (VIII).

Devido à pressão do homem que não assume a paternidade – por vaidade e interesses egoístas – ou pelo facto de dar ouvidos a informações erróneas, como a de que o feto é um amontoado de coágulos de sangue, a mulher acaba por abafar a voz da consciência e expulsar o ser que devia proteger e defender até ao nascimento, numa missão para a qual foi preparada – por repetição atávica – há milhões de anos.

Quando o aborto é provocado, tanto a mulher como os outros implicados nessa prática, faltam ao respeito à Lei Maior que governa o Universo e ficam sujeitos, como é natural, às sanções da Justiça Superior. Assim, todos vão sofrer penalizações, embora as aplicadas à mulher sejam as mais rigorosas, por ter sido a ela que Deus confiou, mais directamente, a missão de preservar a vida.

Em termos didácticos, diremos que há dois períodos para as consequências orgânicas, psicológicas e espirituais do aborto: as que surgem na mesma existência em que este foi praticado, e as que vão aparecer numa vida posterior.
A obsessão espiritual é um dos danos mais frequentes e catastróficos que costumam acontecer à maioria dos homens e mulheres envolvidos no crime do aborto. Os espíritos impedidos de nascer passam a exercer (geralmente a partir da consumação do acto), uma influência negativa sobre os responsáveis pela sua frustração. Tanto a mulher, como o seu companheiro e também a equipa médica, passam a ser alvo de acções espirituais vingativas na mesma existência em que estiveram ligados a essa prática.
Outra consequência muito habitual do aborto, na mesma existência, é a depressão. Os estados negativos de humor, com o seu cortejo de fenómenos e sinais caracterizados principalmente pelo estado de tristeza, estão presentes na vida de muitas mulheres que o praticaram.

A analista e seguidora de Carl Jung, Hanna Wolff, pôde constatar ao longo da sua carreira de terapeuta esta ligação entre aborto e depressão. Afirma ela: “A facilidade com que hoje se pode abortar, é precisamente a causa das depressões de imensas mulheres na menopausa. Aquelas que antigamente eram as primeiras a defenderem o direito de “gerirem o próprio corpo”, são as que vamos encontrar agora de rastos, mergulhadas na sua própria infelicidade. A psique não conseguiu superar a selvajaria do aborto. Sobre isto os legisladores nada percebem e muito menos os “especialistas” a que estes mesmos legisladores recorrem para resolver o assunto” (9).
Mas, e quanto à mulher que reconhece – ainda durante a encarnação – as dívidas que contraiu por ter feito um aborto? O que deve fazer para tornar-se moralmente melhor, antes de que venha a morte?
 
A esta pergunta, feita por muitas mulheres, respondem os Benfeitores Espirituais: “Quem abandonou os próprios filhos, pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, precisados de carinho e de abnegação. O próprio Evangelho do Senhor, através das palavras do Apóstolo Pedro, previne-nos quanto à necessidade de criarmos uma intensa caridade entre uns e outros, porque a caridade cobre a multidão dos nossos pecados.” (10)
 
Bibliografia:
(1) – A Linguagem dos Genes, cap. 15
(2) – Embriologia Básica – Moore, Persaud, p.2, Ed. Guanabara Coogan, 5ª ed., 2000
(3) – La Bioéthique et la Dignitée de la Personne, cap. II, p.34
(4) – Dieu, Existe-t-il? Non répondent...pp.64, 65 e 66  e  Conexão Cósmica, de Ervin Lazlo, pp.98 e 99
(5) – O Livro dos Espíritos, Pergunta 360 Allan Kardec, Ed. FEB
(6) – O Livro dos Espíritos, pergunta 358
(7) – O Livro dos Espíritos, pergunta 359
(VIII) – O Livro dos Espíritos, pergunta 75
(9) – Jesus Psicoterapeuta, pp. 111, Ed. Paulinas, 2ª. ed. - 1990
(10) – Evolução em Dois Mundos, cap. XIV, psicografia Chico Xavier, Espírito André Luiz, Ed. FEB, 2ª. ed.

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