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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cemiterada

A Cemiterada

A revolta da cemiterada teve como palco à Bahia do século passado. O termo cemiterada está ligado a construção de um cemitério na Bahia, onde uma lei proibia os enterros nas igrejas, desta maneira os enterros passariam a ser feitos pela rede privada que ficaria com o monopólio durante 30 anos. Esta revolta foi religiosa e possuía raízes em discussões políticas e econômicas. Mas não podemos analisar só do ponto de vista político, econômico e religioso, existe toda uma configuração cultural que envolve este acontecimento.


No texto o autor deixa evidente que um tema aparentemente banal, esta envolvido em vários conflitos a começar pelo tema central que está ligado a religião, em seguida vem questões econômicas e sociais, já que a Igreja Católica e a elite aristocrática acreditava que era uma atitude anti-cristã os enterros fora da Igreja. Mas ao discutir a cemiterada levantamos diversas questões entre elas a questão social, já que existia uma "geografia social" citada no texto para explicar o processo que envolvia a morte. Existia todo um procedimento econômico que interessava aos que tinham o poder em mãos.

No contexto geral da revolta o autor considerava que a população estava vivendo em uma época da barbárie era um conceito explorado onde a civilização não estabelecia medidas de higiene, e a construção dos cemitérios traria a tona o discurso em torno da "Saúde para o povo". A população sendo contra a construção do cemitério estava a demonstrar que não queria evoluir e sim permanecer numa barbárie eterna. Quando é colocado este discurso de higiene e saúde passa a se ter uma urbanização das cidades, muitos médicos higienistas começam a expor seu ponto de vista, colocam a necessidade da construção dos cemitérios como prioridade para estabelecer condições de vida melhores.

Sobre este movimento a primeira publicação foi de Antônio José Alves que analisa o movimento do ponto de vista de um médico higienista, assim como outros autores o movimento foi analisado sempre levando em consideração a ignorância do povo; a falta de informação e julgando o povo de supersticioso. Outras fontes analisadas sobre o tema podem ser publicações recentes, onde a historiografia não encontra mais tabus.

Os argumentos utilizados pelo autor para explicar a cemiterada baseiam-se em opiniões onde o autor explora, a fé, a supertição e ignorância do povo para refletir sobre a participação do mesmo na revolta. Também acrescenta que a Igreja Católica e a elite aristocrática possuía interesses econômicos e religiosos. Os interesses econômicos possuíam uma maior expressão. Mas ao ler o texto é possível também reconhecer todo um processo cultural que está envolvido na revolta. Não só fatos religiosos e econômicos, mas culturais também estão presentes, podemos citar como exemplo as irmandades, os rituais funerários e toda áurea que envolvia a morte.

Ao lermos a cemiterada, observamos que há uma participação ativa do povo na manifestação, indo as ruas para protestar, participando de manifestações violentas, mas será que está participação popular foi de livre e espontânea vontade ou o povo foi induzido pela Igreja Católica e pela elite aristocrática. Se analisarmos de uma maneira geral podemos considerar a cemiterada como uma revolta de cunho popular onde o povo tinha como base o ponto de vista cultural, para eles era mais uma questão cultural já que envolvia tudo o que eles acreditavam. Estava em risco suas crenças e costumes. Não caberia a Igreja Católica e a elite aristocrática ir para ruas protestar, cabia a eles articular e deixar para o povo os protestos era dessa maneira que funcionava. Na trama da História sempre cabe ao povo o trabalho mais árido, é para eles que a História reserva as ervas daninhas, e para a elite a não participação direta lhes rende sempre bons frutos.

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