O ILUMINISMO E O DESPOTISMO ESCLARECIDO
O QUE FOI O ILUMINISMO
Nos séculos XVII e XVIII, o capitalismo foi se desenvolvendo rapidamente em alguns países da Europa. Esse desenvolvimento foi se desenvolvendo rapidamente em alguns países da Europa. Esse desenvolvimento foi seguido por outro grande progresso nas técnicas de produção na sociedade e na política.
No século XVII, a burguesia assumiu o poder na Inglaterra e, no final do século XVIII, a burguesia francesa também assumiria o poder político em seu país.
O desenvolvimento das técnicas de produção levou a um grande desenvolvimento das ciências naturais. Para se expandir a produção, era necessário conhecer-se as propriedades da matéria. Verificou-se, então, um desenvolvimento considerável de ciências, como a mecânica, a física e a química. As ciências naturais desenvolviam o método experimental. Os cientistas decompunham as coisas em partes e estudavam cada parte isoladamente. Esta era a base do método analítico (estudo das partes de um todo), que foi introduzido, também nas chamadas ciências do homem.
Os filósofos e cientistas desse período acreditavam que a utilidade da ciência e da filosofia era dar ao homem o conhecimento e o domínio da natureza e da sociedade.
Importantes filósofos desse período acreditavam que o mundo se baseava em dois elementos: a matéria e a consciência. A consciência ou a razão humana é, pois, a única fonte de conhecimento da natureza e da vida em sociedade. Esse racionalismo (uso da razão) implicava numa crítica à fé como fonte de conhecimento. Os racionalistas, portanto, se punham contra a religião e a Igreja, onde viam um instrumento de ignorância e tirania.
Esses estudiosos, no plano da política, criticavam as instituições do Estado absolutista. Manifestavam-se pela restrição do poder real e criticavam também a poítica econômica do mercantilismo, com a constante intervenção do Estado na economia, que limitava o direito de propriedade.
É a este movimento de renovação intelectual que damos o nome de Iluminismo, cujo início se deu na Inglaterra, no final do século XVII, tendo atingido seu apogeu da França no século XVIII. Expandiu-se ainda pelo norte da Europa e influenciou a América.
AS CARACTERÍSTICAS DO ILUMINISMO
- O Iluminismo foi a ideologia da burguesia em ascensão: o pensamento iluminista foi um produto das transformações econômicas, políticas e sociais européias ocorridas a partir do século XVII. Essas transformações foram: o desenvolvimento das técnicas de produção capitalistas, o domínio do poder político pela burguesia na Inglaterra e a ascensão da burguesia européia. Na medida em que criticou o Estado absolutista e a política econômica do mercantilismo, preconizado a igualdade dos poderes e a liberdade de propriedade, representou a teorização dos interesses econômicos e políticos da ascendente burguesia.
- O Iluminismo opôs ao idealismo o materialismo: segundo os iluministas, o Universo é composto de matéria. Entende-se por matéria tudo que excita os sentidos do homem. O movimento representa o autodinamismo da matéria e tem sua origem na própria matéria, resultante de leis naturais, que o homem não consegue modificar. O conhecimento, que era entendido como um reflexo dos fenômenos existentes na razão humana, nascia das sensações, ou seja, os objetos, ao excitarem os sentidos humanos, produzem as sensações que, por sua vez, produzem o conhecimento. Assim sendo, o iluminismo criticava a explicação idealista - religiosa do mundo.
- Colocou a razão humana como guia do conhecimento e ação do homem: o uso da razão humana era considerado como a forma autêntica para a compreensão da natureza e da sociedade. O conhecimento e o domínio da natureza eram condições básicas da liberdade humana.
OS PRINCIPAIS PENSADORES E ESCOLAS DO ILUMINISMO
A Filosofia
Na filosofia, encontramos os enciclopedistas franceses. Em 1751, apareceu na França a Enciclopédia das Ciências, das Artes e dos Ofícios, dirigida por Diderot e D’Alembert. Nela, colaboraram grandes filósofos como Voltaire e Rousseau. A Enciclopédia foi uma tentativa de sistematização de todo o conhecimento disponível até então. Nela, criticava-se a religião católica e o absolutismo.
Voltaire (1694 - 1778) preocupou-se essencialmente com questões políticas e sociais. Suas críticas voltaram-se para as relações de servidão e para a Igreja Católica. Era partidário das liberdades burguesas de expressão, propriedade e direitos individuais. Entretanto, para a execução dessas conquistas, Voltaire não preconizava uma revolução social e sim a ascensão ao poder de um soberano esclarecido.
Jean - Jacques Rousseau (1712 - 1778), em seu livro Da Origem da Desigualdade, considerava que o aparecimento da propriedade privada era um mal inevitável. Portanto deveria ser limitada, impedindo-se o aparecimento dos grandes proprietários. Rousseau era um defensor dos pequenos proprietários. Nesse aspecto, ao contrário dos outros iluministas, aparece como defensor dos pequeno - burgueses.
Em sua obra O Contrato Social, defendeu o ideal democrático de que o soberano máximo deve ser a vontade geral, ou seja, o próprio povo. Suas idéias foram seguidas por alguns líderes da Revolução Francesa, tal como o Robespierre.
A Ciência Econômica
A Ciência Econômica refletiu as transformações gerais que ocorriam na sociedade. Surgiram duas correntes principais no pensamento econômico: A Escola Fisiocrática e a Escola do Liberalismo Econômico.
A Escola Fisiocrática: Para os fisiocratas, o trabalho agrícola era considerado o único trabalho produtivo. Para eles, a liberdade de comércio interior e o progresso da agricultura eram as chaves do desenvolvimento e as condições prévias para o crescimento de uma nação. A Escola Fisiocrática, na teoria, o capitalismo agrário.
Para Quesnay, o principal economista da escola fisiocrática (autor do livro Quadro Econômico), a sociedade de compunha de três classes:
- a classe produtiva, formada pelos agricultores.
- a classe estéril, que engloba todos os que trabalham fora da agricultura (indústria, comércio e profissões liberais);
- a classe dos proprietários de terra, que estava ao soberano e aos recebedores de dízimos (clero).
A classe produtiva garante a produção de meios de subsistência e matérias primas. Com o dinheiro obtido, ela paga o arrendamento da terra aos proprietários rurais, impostos ao Estado e os dízimos; e compra produtos da classe estéril - os industriais. No final, esse dinheiro volta à classe produtiva, pois as outras classes têm necessidade de comprar meios de subsistência - matérias primas. Dessa maneira, ao final, o dinheiro retorna ao seu ponto de partida, e o produto se dividiu entre todas as classes, de modo que assegurou o consumo de todos.
Para os fisiocratas, a classe dos lavradores era a classe produtiva, porque o trabalho agrícola era o único que produzia um excedente, isto é, produzia além das suas necessidades. Este excedente era comercializado, o que garantia uma renda para toda a sociedade. A indústria não garantia uma renda para a sociedade, visto que o valor produzido por ela era gasto pelos operários e industriais, não criando, portanto, um excedente e, conseqüentemente, não criando uma renda para a sociedade.
Para Quesnay, era necessário que houvesse uma liberdade de comércio para garantir um bom preço dos produtos. Com isso, criticava o regime de monopólios comerciais do mercantilismo.
A Escola do Liberalismo Econômico: Adam Smith, considerado o pai da Escola do liberalismo econômico, em seu livro A Riqueza das Nações, via o mercantilismo como um sistema econômico errôneo e odioso. Para esse autor, o Estado não deveria intervir na vida econômica, uma vez que desviaria os capitais do emprego mais produtivo para o qual seriam espontaneamente dirigidos. Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial. Para ele, os únicos elementos que ganhavam com o mercantilismo eram os mercadores e manufatureiros. O monopólio elevava a taxa de lucro e os ganhos dos mercadores, mas impedia o crescimento natural dos capitais. Criticou a teoria da moeda defendida pelo mercantilismo, pela qual a riqueza de uma nação era constituída pelo ouro e prata acumulados. Para esse autor, é o trabalho em geral e não apenas o trabalho agrícola (como nos fisiocratas) que constitui a verdadeira fonte de riqueza da sociedade. Para Adam Smith e David Ricardo (outro representante do liberalismo econômico), a economia deveria guiar-se por si mesma, norteando-se apenas na lei econômica da oferta e da procura, isto é, através do jogo entre produção e consumo (chamamos esse fenômeno de Laissez - faire) . Adam Smith desenvolveu a idéia de que uma "mão invisível" dirigia a economia, evitando suas crises. O liberalismo econômico representou a ideologia da burguesia no período da revolução industrial. Esta burguesia, fortalecida pela exploração colonial e pelos monopólios comerciais, não necessitava mais do amparo do Estado absolutista e da sua política econômica. A partir daí, o mercantilismo impedia o desenvolvimento do Modo de Produção Capitalista. Estes economistas conseguiram perceber que o desenvolvimento do capitalismo se faz através da exploração do trabalho assalariado.
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