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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A missão do esperanto!






Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 8 de setembro de 1999, no Centro Espírita Caminho de Redenção, em Salvador, Bahia. Publicada no “SEI” de 8/10/1999 (nº 1.644) e reimpressa em Reformador, fevereiro de 2000, FEB.

No crepúsculo deste século e milênio, as dores se acumulam sobre o dorso da Humanidade sofrida, chibateando as vidas que se estiolam, ao tempo que sucumbem os nobres ideais de dignificação e de liberdade.

Desastres inomináveis e cataclismos horrendos sucedem-se, desarvorando nações e ceifando esperanças que são substituídas pela loucura que varre o planeta em todas as direções.

A tirania absurda e os crimes hediondos cavalgam sobre a sociedade, conduzindo ao aniquilamento cidades e povos que estertoram sob o despotismo insano dos vândalos que se permitem à dominação arbitrária.

A corrupção desmedida nivela os governos, que se deveriam caracterizar pela dignidade, aos criminosos que fingem combater.

A volúpia pelo poder, pelo armazenar de valores transitórios que passam de mãos, envilece os sentimentos humanos e as paixões inferiores desbordam em caudal desenfreado.

Os elevados contributos do progresso, que deveriam ser utilizados para a glorificação do ser humano, são aplicados para a extravagância de alguns indivíduos torpes e a exorbitância de outros, ante o olhar esgazeado dos miseráveis que os espiam famélicos e enfermos, esquecidos em inominável abandono.

A insensatez e o descalabro erguem seus monumentos à infâmia, enquanto as massas rebolcam nos sorvedouros das necessidades mais prementes, sem oportunidades de conseguirem alguma coisa.

Em toda parte da Terra, a perversão abraça a indiferença das Leis, as guerras e carnificinas cruéis campeiam desarvoradas e as tentativas de paz, mediante acordos sucessivos, que são logo desrespeitados, abrem espaço para novos terríveis conflitos.

Ameaças de destruição do planeta pairam em todo lugar sob o clamor da violência asselvajada e dos expressivos grupos de extermínio de pessoas, sob os camartelos da ignorância e da ausência de amor.

O século da ciência e da tecnologia, com todas as suas glórias e conquistas incomparáveis, infelizmente sombreia-se com nuvens espessas de fumo e de poeira dos incêndios de ódios e das destruições de toda ordem.

As grandiosas realizações da cultura e da civilização parecem ceder lugar ao galopar desenfreado da barbárie de volta e ao aplauso do cinismo...

Não obstante, simultaneamente, estuam o dever e a solidariedade, o sacrifício e a abnegação, a educação e o amor, o desenvolvimento ético-moral e a esperança, porque o ser humano marcha inexoravelmente no rumo da Grande Luz.

Os ideais da Liberdade, da Fraternidade e da Igualdade, permanecem triunfantes, embora pouco conhecidos, aguardando o momento de transformarem para melhor a sociedade terrestre, que avança na busca da felicidade.

Lentamente, os direitos humanos são reanalisados e levados em consideração por homens, mulheres e Organizações internacionais que confiam no processo da evolução moral dos seres, exigindo respeito, em infatigável esforço para banirem a intolerância, os preconceitos mesquinhos e o totalitarismo, como quer que se apresentem.

O sol da Nova Era surge na imensa noite, conforme previsto por Jesus-Cristo, que ora se legitima.

O Evangelho, que não foi vivido na sua pureza primitiva por aqueles que se comprometeram apresentá-lo à humanidade através dos tempos, face à astúcia e ao primarismo de que eram portadores, que exploraram a credulidade e a ignorância, poderia ter evitado a hecatombe que ora se abate sobre o mundo, após os séculos de silêncio e da morte dos heróis sacrificados. Mas ressurge na mensagem do Espiritismo, que o atualiza, conforme o pensamento científico do momento, preparando o advento da nova sociedade.

Fincando suas bases na investigação dos fatos, o Espiritismo libera a Boa Nova das peias dogmáticas e das influências medievais que ainda remanescem nas igrejas que se propõem divulgá-la, interpretando-lhe o conteúdo incomparável de forma consentânea com as conquistas hodiernas, para oferecê-lo às criaturas como diretriz de segurança e de felicidade.

O século, porém, de Allan Kardec, também viu nascer Zamenhof, que deveria contribuir para a derrubada das fronteiras lingüísticas, que tanto separam os seres humanos e os afligem, limando as diferenças internacionais e facultando mais seguro intercâmbio de pensamento e de valores ideológicos entre todos os homens sob a dadivosa misericórdia do Pai Criador.

Acompanhando as tragédias resultantes dos conflitos lingüísticos e raciais, na sua Bialystock natal, sofrida e necessitada, sentiu, no mais profundo do ser, o imperioso dever de modificar a situação insuportável que predominava então, mergulhando o pensamento na memória profunda onde se encontrava arquivada a língua internacional – Esperanto – que conhecera no Mais Além e, trabalhando, sem cansaço, em 1887 apresentou-a como sendo um sublime elo para a união de todos os povos, de todas as classes sociais, de todas as pessoas do mundo.

A trilogia abençoada, em forma de um triângulo eqüilátero: - Evangelho, Espiritismo e Esperanto – encerraria a mensagem de Jesus, simples e inconfundível, a Doutrina dos Espíritos, profunda e clara, e o idioma da fraternidade, para unir todos os seres humanos em uma só família.

Língua neutra, que respeita o idioma de cada Nação, é o traço de perfeita identificação entre os mais diversos, favorecendo mentes e corações com harmonia e compreensão lúcida, desse modo ampliando os horizontes da cultura e do amor entre os povos.

Anunciando-se o novo milênio entre as sobras que já começam a esboroar-se, o Esperanto permanece com a missão de unir os homens fraternalmente, graças à facilidade da comunicação que oferece, à sua simplicidade gramatical, exatamente quando o Evangelho, lenindo as dores gerais, prepara-los-á para os avanços que o Espiritismo oferece na conquista do Infinito.

Atingindo as culminâncias do progresso científico-tecnológico neste esfumar de século, esse que se avizinha irradiará arte e beleza sobre a Terra renovada e feliz, quando o Esperanto, vencendo a tenaz resistência dos povos ambiciosos e apaixonados, assim como das nações que não alteram o orgulhoso sonho da prepotência em relação às outras, abriu lugar à vigência da língua internacional, que flui do Céu na direção da Terra e se elevará do mundo em canto incomparável de encantamento no rumo do Infinito.



Ismael Gomes Braga

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