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"Um Poeta sonhador Um amante do Amor Um negro questionador Um eterno lutador" "Poesia é arte de viver Ser poeta é também crer Na verdade na história Na ilusão Sem demora"

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Manifesto do Movimento Funk é Cultura!



O funk é hoje uma das maiores manifestações culturais de massa do nosso país e

está diretamente relacionado aos estilos de vida e experiências da juventude de

periferias e favelas. Para esta, além de diversão, o funk é também perspectiva de vida,

pois assegura empregos direta e indiretamente, assim como o sonho de se ter um

trabalho significativo e prazeiroso. Além disso, o funk promove algo raro em nossa

sociedade atualmente que é a aproximação entre classes sociais diferentes, entre

asfalto e favela, estabelecendo vínculos culturais muito importantes, sobretudo em

tempos de criminalização da pobreza.

No entanto, apesar da indústria do funk movimentar grandes cifras e atingir milhões de

pessoas, seus artistas e trabalhadores passam por uma série de dificuldades para

reivindicarem seus direitos, são superexplorados, submetidos a contratos abusivos e,

muitas vezes, roubados. O mais grave é que, sob o comando monopolizado de poucos

empresários, a indústria funkeira tem uma dinâmica que suprime a diversidade das

composições, estabelecendo uma espécie de censura no que diz respeito aos temas

das músicas. Assim, no lugar da crítica social, a mesmice da chamada “putaria”, letras

que têm como temática quase exclusiva a pornografia. Essa espécie de censura

velada também vem de fora do movimento, com leis que criminalizam os bailes e

impedimentos de realização de shows por ordens judiciais ou por vontade dos donos

das casas de espetáculos.

A despeito disso, MCs e Djs continuam a compor a poesia da favela. Uma produção

ampla e diversificada que hoje, por não ter espaço na grande mídia e nem nos bailes,

vê seu potencial como meio de comunicação popular muito reduzido.

Para transformar essa realidade, é necessário que os profissionais do funk organizem

uma associação que lute por seus direitos e também construa alternativas para a

produção e difusão das músicas, contribuindo para sua profissionalização. Bailes

comunitários em espaços diversos e mesmo nas ruas, redes de rádios e TVs

comunitárias com programas voltados para o funk, produção e distribuição alternativa

de CDs e DVDs dos artistas, concursos de rap são algumas das iniciativas que os

profissionais do funk, fortalecidos e unidos, podem realizar. Com isso, será possível

ampliar a diversidade da produção musical funkeira, fornecer alternativas para quem

quiser entrar no mercado, além de assessoria jurídica e de imprensa, importantes para

proteger os direitos e a imagem dos funkeiros.

O primeiro passo nesse processo é a união de todos, funkeiros e apoiadores, pela

aprovação de uma lei federal que defina o funk como movimento cultural e musical de

caráter popular. Reivindicar politicamente o funk como cultura nos fortalecerá

enquanto coletivo para combatermos a estigmatização que sofremos e o poder

arbitrário que, pela força do dinheiro ou da lei, busca silenciar a nossa voz.

Tamos juntos!

Manifesto aprovado em encontro de MCs e DJs realizado em 26/07/2008.












































































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