Ranier Beraldo Vieira3
Resumo
Com o objetivo de enfatizar a
origem, os mestres e a filosofia do Grupo Abadá Capoeira, em Goiás, este artigo
é resultado de uma pesquisa desenvolvida junto ao Grupo para mostrar a
importância da capoeira como veículo de participação e inclusão social. Por
meio de questionário e entrevistas, a pesquisa aborda a política da Abadá
Capoeira, cuja base é o trabalho filantrópico desenvolvido em todo o Estado de
Goiás. Por sua vez, a Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da
Arte-capoeira (Abadá Capoeira) é referência nacional devido à difusão e à
valorização da cultura da capoeira e aos projetos desenvolvidos e que
desenvolve para formar cidadãos conscientes, a exemplo do Centro Educacional
Mestre Bimba (CEMB), situado em Itaboraí, RJ. Em Goiás, o Grupo conta com a
representação do Mestrando Charm, responsável pelo aprimoramento e desempenho
de concepções ligadas à integração do ser humano. Esse trabalho é desenvolvido
através de práticas nas escolas com extensão e parcerias, nas quais os
professores da Abadá Capoeira ensinam de forma lúdica e pedagógica a arte da
capoeira. Como resultado desta pesquisa, pontuamos a Abadá Capoeira como
importante instrumento de inclusão social.
Palavras-chave:
Abadá Capoeira, capoeira, inclusão social.
Abadá
Capoeira: Origin, History and Social Inclusion
Abstract
With
the objective of emphasizing the origin, the masters and the philosophy of the
Group Abadá Capoeira, in Goiás, this article is the result of a research that
was developed along with the Group to show the importance of the capoeira as a
participation vehicle and social inclusion. Through questionnaires and
interviews, the research approaches Abadá Capoeira's politics, whose base is
the philanthropic work developed in the whole State of Goiás. The Brazilian Association of Support
and Development of the Art-capoeira (Abadá Capoeira) is a national reference
due to the diffusion and to the valorization of the culture of the capoeira and
the developed projects, which forms conscious citizens, as an example, is the
Center Education Master Bimba (CEMB), located in Itaboraí, RJ. In Goiás, the
Group counts on the representation of the student master Charm, responsible for
perfecting the conceptions linked to the integration of the human being. This
work is developed through practices in the schools with extension and
partnerships, in which Abadá Capoeira's teachers teach the art of the capoeira
in a playful and pedagogic manner. As a result of this research, we appointed
Abadá Capoeira as an important instrument of social inclusion.
Key-word: Abadá Capoeira, capoeira,
social inclusion.
INTRODUÇÃO
Este
artigo é resultado de uma pesquisa desenvolvida junto ao Grupo Abadá Capoeira
para mostrar a importância da capoeira como veículo de participação e inclusão
social. Com o objetivo de enfatizar a origem, os mestres e a filosofia do Grupo
Abadá Capoeira, em Goiás, realizamos uma pesquisa que aborda a política da
Abadá Capoeira, cuja base é o trabalho filantrópico desenvolvido em todo o
Estado de Goiás. Esse trabalho é desenvolvido através de práticas nas escolas
com extensão e parcerias, nas quais os professores da Abadá Capoeira ensinam de
forma lúdica e pedagógica a arte da capoeira.
Através de questionário e entrevistas,
construímos gráficos para expor, de uma forma mais abrangente, os aspectos
sociais e culturais que a capoeira pode beneficiar. Nesses gráficos,
investigamos fatores como reintegração social e sua relação com viagens
internacionais, escolaridade, renda e trabalho em instituições públicas e
privadas.
Por sua vez, elegemos alguns autores para
reproduzir o diálogo intertextual entre educação, inclusão social e o grupo
Abadá Capoeira. Destacamos, neste estudo, itens que justificam o
desenvolvimento da capoeira na escola e a importância de defendermos as nossas
raízes e história. Afinal, a capoeira é genuinamente brasileira, raiz e
história do nosso povo, resgate da nossa cultura e defendida na Constituição
brasileira nos artigos 215, 216 e 217 (MELLO, 2007), que afirmam que os poderes
públicos e instituições comunitárias devem protegê-la e incentivá-la.
ORIGEM DA CAPOEIRA
Reconhecida
mundialmente, como luta corporal, a capoeira é resultado de um processo
histórico que reúne desejo de liberdade e domínio de técnicas. Isso a torna uma
expressão que condensa cultura popular, dança, jogo, luta e música em torno de
um ideal de libertação, mesclando vontade de ataque e defesa.
Nesse sentido, retomamos
a origem da capoeira, seguindo a leitura de autores como Mestre Zulu, buscando
levantar seu contexto histórico e sua sistematização. Suas raízes são
discutidas por diversos autores, mas o ponto que eles têm em comum é o de que a
capoeira surge no Brasil como instrumento de luta pela conquista da liberdade
do negro na fase escravocrata brasileira. Para ampliar esse contexto, há várias
opiniões a origem da capoeira, entre elas a de que a capoeira passa a existir
no Brasil, logo após as primeiras fugas de escravos e a construção dos primeiros
quilombos; outra é a de que ela tenha surgido de danças de origem afro, e
depois lhes tenha sido acrescentado um caráter de luta marcial, para que os
fugitivos pudessem se defender dos capitães-de-mato.
Segundo Vieira (2005),
no Atlas do Esporte no Brasil, a
capoeira torna-se um dos esportes nacionais, cuja origem é marcadamente
controvertida. Historiadores e antropólogos afirmam que ela resulta da
aculturação entre africanos, índios e portugueses. No entanto, não há registros
de sua presença na África ou em países onde houve escravidão africana. De
acordo com Mestre Zulu (1995), provavelmente quando aporta o primeiro navio
negreiro, começa a escrita da primeira página que rege a história da capoeira.
A rigor, observamos o
fato de o Brasil ter sido o país com maior número de escravos em relação a
outros países, também com o mesmo regime, entretanto, há poucos documentos a
respeito do assunto. Isso se deve porque durante o governo do presidente
Deodoro da Fonseca, em 1890, Rui Barbosa, então ministro da fazenda, determina
a queima de toda documentação referente à escravidão. Desse modo o que há sobre
o histórico da capoeira é baseado na tradição oral e em poucos registros que
escaparam da incineração.
De uma forma ou de
outra, os escravos
africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes desenvolvem a capoeira, quer seja como
resistência à opressão; quer seja como modo de manter uma cultura e tradição
ou, ainda, uma maneira lúdica de passar o tempo e esquecer suas agruras. Caracterizada
por movimentos ágeis e complicados, feitos com frequência junto ao chão ou de
cabeça para baixo, a capoeira possui um gingado, cuja, e a isso somamos a música que a acompanha. característica a distingue de outras lutas
Em viagem pelo Brasil,
de 1822 a
1825, Johann Moritz Rugendas, pinta povos e costumes. Conhecido por integrar,
como desenhista, a missão científica do barão de Langsdorff, Rugendas registra
costumes locais e detalhes humanos em desenhos a bico-de-pena e grafite. É de
sua autoria vários quadros que retratam a vida dos negros em cativeiro, entre
os quais ressaltamos “Navio negreiro” e “Jogar capoeira ou Danse de la guerre”,
de 1835. Neste quadro, o artista mostra um grupo entretido com a prática da
capoeira. Há
registros dessa prática nos séculos XVIII e XIX nas cidades do Rio de Janeiro, Recife e Salvador, porém durante anos a capoeira foi
considerada subversiva, sua prática era proibida e duramente reprimida. Devido
a essa repressão, a capoeira praticamente se extingue no Rio de Janeiro, onde
os grupos de capoeristas eram conhecidos como maltas, e em Recife, onde
segundo alguns a capoeira dá origem à dança do frevo, conhecida como o passo (RUGENDAS, 2007).
Em 1932,
Mestre Bimba
funda a primeira academia de capoeira do Brasil em Salvador. Ele
acrescenta movimentos de artes marciais e desenvolve um treinamento sistemático
para a capoeira, estilo que passa a ser conhecido como Regional. Em
contraponto, Mestre Pastinha prega a tradição da capoeira
com um jogo matreiro, de disfarce e ludibriação, estilo que passa a ser
conhecido como Angola. Da criatividade desses
dois grandes mestres, a capoeira deixa de ser marginalizada, e se espalha da Bahia para todos os
estados brasileiros.
ABADÁ CAPOEIRA: ORIGEM, MESTRES, HISTÓRIA E FILOSOFIA
Não podemos falar a
respeito da Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte-capoeira (Abadá
Capoeira) sem antes sintetizar a importância de Mestre Bimba para a sua
fundação. Até por que ele foi um grande incentivador da Associação, através da
sistematização e inserção da capoeira como modalidade instituída como desporto
em 1973. No ano seguinte, Mestre Bimba morre em Goiânia, onde contribuiu para a
projeção social e ascensão da capoeira. A bipolarização – Angola e Regional – dá
origem a um grande número de praticantes, formando assim campo fértil para
novos horizontes na arte da capoeira.
Mestre Zulu (1995), em seu Idiopráxis
de capoeira, ressalta o surgimento de vertentes, que se deu em busca de
legitimação de grupos e de mestres, a exemplo da Vertente Sincrética e da
Vertente Senzala. A primeira traz uma interação entre a capoeira Angola e a
Regional no seu processo de selecionar técnica e estética, cujos limites são
definidos informalmente por não haver um criador. A segunda, surge do
autodidatismo de um grupo de rapazes do Rio de Janeiro em 1965. De férias em
Salvador, o grupo tem como primeiras fontes a Angola e a Regional, e depois
eles começam a ensinar o que aprenderam. No percurso da criação desse grupo, os
seus integrantes têm como fontes os Mestres Bimba, Pastinha, Valdemar da Paixão
e Leopoldina (ZULU, 1995, p. 8).
O autodidatismo do
grupo se embasa no treinamento e na prática da capoeira e, consequentemente, no
exercício da ética. Entre os fundadores estão: Fernando “Gato”, Cláudio
“Brasília”, Peixinho, Garrincha, Mosquito, Augusto “Baiano” e Camisa. Este
último afasta-se do Grupo Senzala em 1988 e funda o seu próprio grupo: Abadá
Capoeira.
A existência da Abadá
Capoeira está intimamente ligada à vida de Mestre Camisa, seu fundador, e não
podemos falar sobre a Associação sem antes mostrar a trajetória de seu criador.
Neste tópico além de uma breve retrospectiva da vida do Mestre Camisa,
resgatamos um pouco da história de luta da Abadá Capoeira e seus projetos no
Brasil e no mundo.
A história de Mestre
Camisa – José Tadeu Carneiro Cardoso – começa em Jacobina, sertão baiano, onde
foi criado em meio às atividades da fazenda e às histórias dos heróis
capoeiristas que, sozinhos, conseguiam vencer, com pernadas, até dez homens de
uma vez. Em 1963, Camisa Roxa, seu irmão mais velho, muda-se para Salvador a
fim de continuar os estudos e de lá traz novidades para a garotada que se
identifica com a capoeira. Com a morte do pai, no ano seguinte, a família
transfere-se definitivamente para a capital, onde todos têm que se adaptar aos
novos costumes, como horário da escola e deveres de casa.
Mestre Camisa logo
descobre a facilidade que tem para ensinar e forma sua turma, com meninos do
bairro onde mora. O irmão mais velho, preocupado, pede à mãe para matriculá-lo
na academia de Mestre Bimba, pois o irmão tinha o hábito de matar aulas, ficando
até de madrugada na rua, em torno de adultos que jogam capoeira. Sua entrada na
academia alia aprimoramento técnico, responsabilidade e prazer, porque a
cobrança por ele ser irmão de Camisa Roxa é um incentivo para melhorar a cada
aula. O resultado é sua formação aos 14 anos, em 1969, com direito às
tradicionais histórias contadas por Mestre Bimba, rituais, prova de fogo,
demonstrações de cintura desprezada, jogo de benguela, jogos com capoeiristas
de renome, formados antigos e samba de roda até o dia amanhecer.
Depois de participar de
várias apresentações em todo o Brasil, por meio dos grupos Viva Bahia, Ogundelê
e Olodum Maré, este dirigido por Camisa Roxa, Mestre Camisa participa de uma
turnê pelo Brasil com o show “Furacões da Bahia” e vai para o Rio de Janeiro
para uma temporada de seis meses, junto com seu irmão. O grupo parte para a
Europa e, como combinado, Camisa voltaria para Salvador para retomar os
estudos, mas ele decide ficar no Rio. Havia se identificado com o clima e o
povo carioca e, além disso, Mestre Bimba estava de malas prontas para Goiás e
seu irmão e ídolo viajara para a Europa.
Tomada a decisão, passa
por muitas dificuldades, até conseguir vaga para ensinar capoeira numa academia
de judô, cujos proprietários Haroldo e Maranhão conheciam Camisa Roxa. Continua
freqüentando a roda dos sábados e, um dia, se envolve em um bate-boca com um
capoeirista que assegura que ele não pertencia ao grupo Senzala e estava
“tirando onda”. A partir daquele momento, alguns integrantes do grupo o defenderam
e ele passa a fazer parte do Grupo Senzala, passando a usar corda vermelha, de
professor. Naquela época, na Bahia não era costume usar corda e na academia de
Mestre bimba, por exemplo, não havia graduação. Movido pela necessidade de uma
reflexão sobre a importância da capoeira no Brasil, sobre a implantação da
graduação e outras formas de ascender a capoeira no país, Camisa promove o
Primeiro Encontro nacional da Arte Capoeira, em 1984. O encontro reúne grandes
mestres e capoeiristas de todas as partes do país, numa troca de experiências,
palestras e outras atividades.
Na década de 1980,
Mestre Camisa já era referência na capoeira brasileira e internacional
conhecido pela excelência de sua técnica, pelo grande pesquisador que é e por
desenvolver uma metodologia e um moderno sistema de ensino de capoeira. Sua grande preocupação é com a
profissionalização dos capoeiristas. Resolve, assim, desligar-se do Grupo
Senzala para montar uma instituição que apoiasse os capoeiristas que
precisassem de ajuda, com moradia, alimentação, distância da família e todos os
problemas que ele mesmo vivera em sua chegada ao Rio de Janeiro. Assim surge,
em 1988, a
Abadá Capoeira com o objetivo de apoiar a formação de capoeiristas
profissionais (SILVA, 2005).
A fundação da Abadá
Capoeira abre caminho para uma ênfase maior ao segmento social da capoeira, não
apenas como apoio aos alunos, mas também como forma de divulgar a cultura
brasileira dentro e fora do país. Com cerca de 500 professores, a Associação
tem sede em todos os estados brasileiros e representação em mais de 25 países.
Além de se envolver em campanhas coletivas, a Abadá também tem a iniciativa de
realizar suas próprias ações de mobilização sócio-educacional como é o caso das
Campanhas: da Cidadania contra a Miséria e a Fome, com arrecadação de alimentos
não perecíveis; do Agasalho, para distribuição à população carente em aulas e
eventos; “Capoeirista Sangue Bom”, com doação voluntária de sangue por
capoeiristas; “Paz nunca é demais”, em rodas de capoeira realizadas
simultaneamente em vários países pela paz mundial; “Preservando a natureza
através da capoeira” realizada durante Congresso Internacional de Capoeira, com
plantio de mudas, coleta voluntária de lixo na praia de Copacabana e aulas,
palestras e debates sobre a ecologia e o meio ambiente; Campanha contra a
Dengue, com apresentações em escolas e programas de tv, com informações sobre a
prevenção e a luta contra o mosquito transmissor; Campanha pelo desarmamento
com rodas de capoeira realizadas durante a destruição de armas de fogo pelo
governo. Nesse sentido, há também as campanhas que envolvem reflorestamentos,
reciclagem de lixo, despoluição dos rios e palestras para o despertar da
consciência ecológica dos alunos. Além dessas há outras contra as drogas, contra
o tabagismo, pela prevenção ao vírus HIV e contra a AIDS, pela educação no
trânsito e pela conscientização e preservação da água no planeta (ABADÁ, 2007).
Como a Abadá Capoeira é
uma entidade sem fins lucrativos, pois ela não se pauta em incentivo do
governo, sua filosofia é o desenvolvimento do trabalho em vários níveis, seja
buscando a elevação do nível técnico-teórico do capoeirista, utilizando a
capoeira como recurso pedagógico, artístico e cultural; seja objetivando a
profissionalização de seus associados, procurando resgatar o valor do mestre de
capoeira como produtor e transmissor de cultura e vivência.
De acordo com Mestre
Camisa, em entrevista a Silva (2005), os projetos sociais ligados à preservação
da natureza são a sua maior satisfação. A questão ambiental é de vital
importância para o ser humano, e, a partir da Conferência Mundial do Meio
Ambiente e Desenvolvimento – Eco 92,
a Abadá Capoeira desperta para os problemas que envolvem
o meio ambiente no mundo. A capoeira representa um encontro do homem com a
natureza, por isso a simbologia das cores da graduação relacionada a elementos
da natureza. Cada cor, por exemplo, representa um elemento da natureza, com
características distintas, recebendo, cada corda, a importância simbólica dos
reinos vegetal, animal e mineral. Corda crua/amarela significa transformação,
assim como corda crua/laranja, corda amarela/laranja, laranja/azul, azul/verde
e outras; corda amarela, a valorização do aprendizado a ser desenvolvido a
partir dessa graduação e seu elemento é o ouro; corda laranja tem como
significado o despertar para a consciência do aprendizado e seu elemento é o
sol; a corda azul é para alunos graduados e significa a consciência da
imensidão do caminho a percorrer. O elemento é o mar; a corda verde, também
para graduados, significa um dos pulmões do mundo e tem na floresta seu
elemento simbólico. Nessa fase se concentra todo o trabalho e a solidez do
aprendizado e dela sairá a continuação e o alicerce da Abadá.
No sistema de
graduação, além da corda para iniciante, aluno e graduado, há, também a de
instrutor (corda roxa/ametista), a de professor (corda marrom/camaleão), a de
mestrando, a de mestre e a de grão-mestre. O mestrando recebe corda vermelha,
cuja pedra, o rubi, simboliza a justiça. O grau de mestrando mostra uma fase de
aquisição de responsabilidade com a capoeira e os ensinamentos, procura de
conduzir o trabalho e as decisões com justiça.
O grau de mestre é
representado pela corda vermelha e branca, simbolizando uma transformação e uma
passagem para a graduação máxima dentro do sistema da Abadá. Para tanto é
necessário que o mestre saiba decidir com acerto, precisão, honestidade,
lealdade e com sabedoria e imparcialidade. E, por último, o grau de grão mestre,
representado pelo diamante, que é o mineral que reflete todas as cores, pois o
branco reúne todas as cores. De acordo com Abadá (2007), é através da
sabedoria, paciência, humildade, lealdade e firmeza de propósitos que se mantém
a filosofia, tradição e fundamentos da Associação. Todos esses atributos devem
estar concentrados em uma única pessoa, cuja responsabilidade maior é conduzir
os destinos da Abadá. Quem ocupa o grau
de Grão Mestre na Abadá Capoeira é Camisa Roxa – Edvaldo Carneiro e Silva –,
cujo título vitalício foi escolhido por um conselho de mestres de notório
saber. A função de Grão Mestre é a de orientador e consultor, mas além disso,
Camisa Roxa divulga a capoeira pelo mundo, em viagens por mais de 50 países.
Atualmente ele vive na Áustria e é o coordenador dos núcleos europeus da Abadá
e organizador dos Jogos Europeus de Capoeira.
Abadá
Capoeira Goiás
A Abadá Capoeira de
Goiás segue o padrão proposto por seu presidente Mestre Camisa. Em sua direção
está Mestrando Charm – Jorge Gomes Martins –, que, atualmente, desenvolve
trabalho em Goiânia e nas principais cidades do estado de Goiás. Antes de vir
para Goiânia, Mestrando Charm passa por várias cidades como Belo Horizonte, Araguari e São Paulo. Nascido em Cacho de Pedra, divisa da
Bahia com Minas Gerais, foi registrado em Teófilo Otoni, dali
indo morar em Belo
Horizonte. Em 1974, aos sete anos de idade, vem com a família
– pai, mãe e oito irmãos – para Goiânia. Filho caçula convive com o pai e a
mãe, aprendendo os costumes do homem do campo, numa educação pautada nos costumes
da vida na roça.
Mestrando Charm
inicia-se na capoeira em 1977, participa de aulas com Dermeval, filho de Mestre
Bimba, e com Mestre Deputado. Seu primeiro grupo foi Bimba Meu Mestre, onde
ensina capoeira pela primeira vez. Parte para São Paulo em busca de
aprimoramento e treina com Mestre Suassuna, de 1983 a 1987. Nesse ano ele
monta seu primeiro grupo: Vem Camará. No ano seguinte, com o apoio de Mestre
Camisa, inicia o projeto para implantar a Abadá Capoeira, em Goiás. Ele nos conta
que, por volta dos anos 80, teve a oportunidade de conhecer o trabalho de
Mestre Camisa através de alguns alunos. A partir daí passa a admirá-lo,
ingressando no seu grupo em 1989. De acordo com ele, os capoeiristas que o
influenciaram foram muitos e daria uma longa lista, por isso ele cita alguns,
com quem conviveu e nos quais se inspirou para hoje ser o grande capoeirista
que é: Paulo dos Anjos, Canjiquinha, João Grande, Boca Rica, Onça Negra, Nagô,
Perna, Caio, Baiano Anzol, Genaro, Camisa Roxa e Mestre Camisa.
Segundo Mestrando Charm,
em entrevista concedida para esta pesquisa, em 1990, começa a formação do grupo
em Goiás pela necessidade de melhorar o nível técnico da capoeira e manter os
valores de professor e mestrando, resgatando o prestígio do mestre, ao mesmo
tempo em que valoriza a cultura e a existência da capoeira. Nesse mesmo ano, ele
recebe sua primeira corda na Abadá: corda marrom, marcando um novo ciclo em sua
vida como professor de capoeira. Em 1997, conquista a corda vermelha de
mestrando. Atualmente cursa Educação Física e recebe incentivo de Mestre
Camisa, que visa a formação acadêmica de seus futuros mestres da Abadá.
Mestrando Charm age do mesmo modo com seus alunos, incentivando-os à vida
acadêmica (SILVA, 2003).
Além disso, a Abadá
Goiás incentiva a divulgação da capoeira por meio de eventos nacionais e
internacionais, levando ao Brasil e ao mundo sua cultura, suas danças e
costumes. Por ela não receber apoio de instituições públicas, a Associação se
mantém sozinha, arrecadando verbas por meio de contribuições dos professores,
mestrando e mestres do próprio grupo e de instituições privadas que desejam
ajudar.
De acordo com Mestrando
Charm: “O grupo é uma escola como outra qualquer e não tem mistério algum. Todo
aluno iniciante deve se dedicar e participar, treinar e esperar que o tempo o
transforme em um capoeirista responsável”.[4] Para ele, o trabalho feito pela Abadá
Capoeira Goiás tem estimulado a valorização do ser humano e a sua integração na
sociedade. Por isso exemplifica, afirmando que várias crianças e adolescentes
foram resgatados da marginalidade pela capoeira e reinseridos na sociedade.
Alguns eram usuários de drogas e outros roubavam para sobreviver; hoje eles
vivem com dignidade e tiram seu sustento por meio da capoeira. O responsável da
Abadá Goiás lembra que, no início de sua trajetória, também passou por muitas
privações e sofreu preconceito por sua cor e por ser capoeirista. No entanto,
hoje ele desfruta de um padrão de vida classe média alta e depois de passar por
muitas dificuldades, como fome, discriminação, moradia precária, problemas no
ambiente escolar, Mestrando Charm viaja para adquirir mais conhecimentos. Atualmente,
ele passa mais tempo dentro de aviões e em hotéis que na própria casa, e viaja
por todo o Brasil, levando os seus objetivos com a capoeira: expandi-la no
Brasil e no mundo, além disso, pretende criar projetos pedagógicos e centros
para servir como integração social para crianças carentes e menores
abandonados.
Segundo expectativa de
Mestrando Charm, a capoeira em Goiás, da década de 1990 até a atualidade, deu
um salto extraordinário. Ela exporta capoeiristas para a Europa, para os EUA e
outros países, abrindo o leque de expansão da capoeira e de Goiás no cenário
mundial. Em 25 anos de dedicação à capoeira, ele já formou dezenas de
graduados, entre eles 18 instrutores e seis professores, que auxiliam na
coordenação e desenvolvimento da Abadá Capoeira em diversos estados do Brasil e
do mundo.
Um dos projetos do
Mestrando Charm é conseguir apoio de entidades governamentais através do Bolsa
Esporte, para dar oportunidade a alunos carentes de freqüentar uma faculdade.
Com esse incentivo, ele, que é responsável por cerca de 150 alunos, considera
uma abertura para a capoeira como esporte e como instrumento de inclusão social.
Por estar numa de suas
melhores fases, Mestrando Charm resolve retratar sua vida e a de alguns
mestres, gravando CD’s. Para ele, a música é a alma da capoeira. Como um corpo
pode existir sem alma? Ele indaga, e pensando assim, consegue ver a capoeira e
a música como corpo e alma e, unificadas, elas se tornam o poder exuberante do
jogo ativo do capoeirista. Essa experiência o ajuda a entender melhor a
filosofia, as tradições e os costumes da cultura brasileira, além de difundir a
arte da capoeira através da música. Mestrando Charm pretende contribuir para o
mercado da capoeira com livros, CD’s, DVD’s , viajando pelo Brasil e pelo
mundo, ministrando cursos, oficinas, palestras e mostrando a todos as suas
pesquisas e seu amor pela capoeira.
Abadá
Capoeira: Inclusão Social
A Abadá Capoeira
promove o desenvolvimento e a inclusão social mediante o combate ao uso de
drogas, oferecendo a prática da capoeira como maneira de ocasionar a
recuperação de menores infratores. A capoeira abre espaço para a diversidade
cultural e acolhe as diferenças, por ser uma arte de defesa que amplia o
conhecimento que o homem tem sobre seu próprio corpo e sua interação com a
natureza e com o mundo que o cerca. A história da capoeira, por si só, indica
como ela foi usada como instrumento de defesa contra a opressão social e a
discriminação.
Além disso, a Abadá
Capoeira de Goiás tem se pautado em cumprir seus objetivos, difundindo a
cultura brasileira através da capoeira. Seu exercício é um forte instrumento de
integração social porque trabalha com todas as classes sociais e possibilita a
recuperação da noção de cidadania, uma vez que atende em escolas, praças, ruas,
clubes e projetos de parceria com instituições particulares.
Acreditamos que a Abadá
Goiás promove um trabalho de inclusão social por meio da capoeira. Através de
seus associados: mestrandos, professores, instrutores e graduados, ela pratica
uma política de inclusão social, ministrando aulas de capoeira, folclore
popular, jogos educativos e danças afro-brasileiras em escolas, creches e
associações comunitárias.
Desse modo, a Abadá
Capoeira traz para o dia a dia da população carente, noções de cidadania e
sociabilização, papel que não deve ser apenas da escola, mas do governo, das
instituições privadas e de toda a sociedade. Em O
que é educação, Carlos Rodrigues Brandão (1985, p. 10) ressalta que a
“educação é uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e
recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade”. Ele
afirma que a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as
incontáveis práticas dos mistérios do aprender. Para o autor, a educação pode
existir até mesmo onde não haja escolas, pois o homem, assim como os animais,
aprende e ensina a sobreviver. E, desta maneira, a educação “se instala dentro
de um domínio propriamente humano de trocas, de símbolos, de intenções, de
cultura e de relações de poder” (BRANDÃO, 1985, p. 14).
A educação
aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da aventura de
ensinar-e-aprender. O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à
pedagogia (a teoria da educação), cria situações próprias para o seu exercício (BRANDÃO,
1985, p. 26).
A partir do momento em que se criam situações para que algo seja
estabelecido por haver necessidade em um grupo social, por meio de métodos,
regras e tempos, e haja pessoas especializadas para executar esses
procedimentos, aparece a escola, o aluno e o professor. Neste caso, a Abadá
Capoeira está inserida nesse contexto e com o trabalho filantrópico
desenvolvido dentro e fora dos limites de Goiás, ela executa uma ação de
inclusão social.
Para Mafra (2007), nos dias atuais a inclusão social é sempre falada em
muitos lugares, de preferência mostrando como a escola pública e a particular,
os cursos
e as empresas, e também as mídias a promovem. No entanto, não é fácil explicar
como acontece esse processo. Para a autora, o termo significa:
Inclusão
(compreender, abranger) Social (sociedade ou relativo a ela). Inclusão Social
nada mais é que trazer aquele que é excluído socialmente por algum motivo, para
uma sociedade que participe de todos os aspectos e dimensões da vida - o
econômico, o cultural,
o político, o religioso e todos os demais, além do ambiental.
Para exemplificar, reforçamos com a voz de Ester Buffa (2003), que afirma
que no Brasil, de hoje, os direitos do cidadão são visíveis, direito à vida, à
saúde, à educação, à moradia mas somente com direitos expressos na Constituição.
De acordo com a autora o Brasil, país capitalista, “caracteriza-se por ser uma
sociedade autoritária e hierarquizada em que os direitos do homem e do cidadão
simplesmente não existem” (BUFFA, 2003, p. 28).
Quanto à educação, segundo a autora, o que se oferece à maioria da
população é uma rede escolar precária e que não atende aos direitos que os
cidadãos têm em Carta
Magna. A ensaísta deixa uma questão para o leitor refletir:
como conseguir que, no limiar do século 21, os brasileiros se transformem em
cidadãos?
Miguel Arroyo (2003) considera que há muita relação entre cidadania e
educação e que a educação não é uma precondição da democracia e da
participação, mas é parte, fruto e expressão do processo de sua constituição.
Daí, a Abadá Capoeira ocupar lugar relevante na caminhada que o país vem
ensaiando rumo à inclusão social.
Segundo entrevista de
campo feita nesta pesquisa, dos 11 professores entrevistados seis saíram de uma
situação de exclusão social e oito tiveram acesso a outros países. Ressaltamos
que os cinco indicados como não reintegrados socialmente já estavam integrados,
anteriormente.
Gráfico 1 – Reintegração Social / Viagens
internacionais
Esse gráfico demonstra
a valorização do ser humano e a sua integração na sociedade. Embora não haja um
trabalho ou publicidade na mídia com o intuito de mostrar a participação do
grupo Abadá Capoeira nos projetos de inclusão social do governo, o grupo se
interessa e está aberto a discussões no sentido de promover a integração da
sociedade e da iniciativa pública e particular em seus trabalhos.
Ainda de acordo com
levantamentos feitos, a maioria dos professores pesquisados recebe acima de
quatro salários mínimos, conforme indica o gráfico 2. Isso sugere que, apesar
da baixa escolaridade, conforme demonstra o gráfico 3, há uma melhoria na vida
dos profissionais.
Gráfico 2 – Renda
Gráfico 3 – Escolaridade
Um dos aspectos sociais
que mais preocupam a direção da Abadá Capoeira, tanto Regional (Goiás) quanto
Nacional é a evasão escolar. Para tanto há um incentivo para que todos os
professores estudem, como um processo de educação contínua. Esse incentivo vale
não somente aos professores, mas também aos alunos, através do acompanhamento
de notas e outros parâmetros, a fim de que todos tenham um processo de educação
continuada. O importante é que não estudem somente a capoeira, mas que possam desenvolver
habilidades e competências, e a capoeira sirva como ponte para o crescimento
profissional, intelectual, financeiro e outros. Sobre esse assunto, Mestrando Charm explica
que há necessidade de resgatar o prestígio do mestre, valorizar o professor e o
mestrando, por isso ele mesmo dá o exemplo cursando Educação Física.
Pensando em promover
uma reflexão, trouxemos outros gráficos que correspondem ao resultado da enquete,
pois uma forma de enxergar a Abadá Capoeira com outros olhos é ver no seu
trabalho uma contribuição para o desenvolvimento do país e a sua divulgação em outros
países. Atualmente a capoeira é reconhecida e praticada mundialmente por um
número razoável de pessoas, devido aos múltiplos enfoques que possui, como
luta, dança, educação, lazer, jogo, esporte entre outros. Além disso, ela é
praticada por ambos os sexos, de todas as classes sociais e diversas idades,
sobretudo crianças e jovens.
Gráfico 4 – Trabalho em Instituições Públicas/Privadas[5]
A rigor, um dos
problemas que a Abadá Capoeira enfrenta é o descaso das instituições públicas
em relação a projetos sociais que nascem na própria comunidade capoeirística.
Isso se dá, efetivamente, pelo desconhecimento desses projetos por parte dos
organismos governamentais.
Durante a pesquisa,
notamos que a maior parte dos professores trabalha em instituições da
iniciativa privada, conforme o gráfico 4. Nele podemos visualizar a escassa
oportunidade de trabalho em instituições públicas, e o grande abismo que há
entre a Abadá e essas instituições. É importante ressaltar a necessidade de
projetos de extensão e parcerias entre ambas, como forma de a Abadá poder
demonstrar suas práticas, ensinando de forma lúdica e pedagógica os seus
conteúdos.
O gráfico 4 indica que
de 11 professores apenas três trabalham em instituições públicas, e que é
preciso alertar a sociedade e o governo da necessidade de envolvimento maior, como a extensão do Bolsa
Esporte para entidades como a Abadá, inserindo-a no processo como instrumento
de inclusão e valorização da vida.
Uma das principais
atividades da Associação é proporcionar a oportunidade para seus alunos e
profissionais. A exemplo do Centro Educacional Mestre Bimba (CEMB), que é um
espaço idealizado por Mestre Camisa onde são oferecidos cursos, treinamentos,
encontros, palestras, oficinas e outras atividades, no intuito de promover a
inclusão de todos os participantes. Isso a Associação vem fazendo, independente
de qualquer vínculo com governos ou interesses particulares.
No CEMB é realizado o
Projeto Capoeira Ecológica e Cidadania, com participação de jovens carentes que
aprendem a arte da capoeira, promovem o reflorestamento da mata atlântica,
reciclagem de lixo e outras atividades. Eles recebem aulas de capoeira
ministradas por professores graduados, além de uniformes e orientações para o
seu crescimento, tanto na arte da capoeira quanto na vida.
O CEMB também
proporciona oportunidade de contato com os animais e o convívio com os costumes
rurais, além de priorizar o respeito às manifestações culturais. No Centro, os
alunos apreciam comidas feitas em fogão de lenha e aprendem a preservar o meio
ambiente. Todas as atividades praticadas no Centro são adaptadas a arte da
capoeira, como por exemplo, os movimentos de capoeira na execução de tarefas
como cuidar dos animais, preservar a natureza, fazer a comida entre outras.
Isso reforça que, com toda experiência que tem, a Abadá Capoeira está pronta
para trabalhar em parceria com instituições públicas e com a sociedade para
promover a inclusão e diminuir a violência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo procuramos
expor alguns pontos essenciais sobre a capoeira e mais efetivamente sobre a
Abadá Capoeira de Goiás com seus projetos e concepções a respeito da capoeira e
a seriedade com que trata temas como a inclusão social. Tentamos levantar, em
uma rápida visão, idéias, concepções, princípios, filosofias e objetivos que
permeiam a relação capoeira-vida para importantes mestres, mestrandos e
professores dessa arte.
Assim desenvolvemos uma
pesquisa junto a Abadá Capoeira para mostrar como esse grupo promove a inclusão
através da capoeira, incentivando seus alunos e professores a uma educação
continuada. Os critérios usados como filosofia do grupo também ajudam a
inserção de pessoas na sociedade e marcam mudanças nos seus hábitos de vida,
retirando-as das margens e incluindo-as no processo formador de cidadãos
conscientes de seus direitos e deveres.
Como sugestão, vemos a
parceria como saída salutar para o compromisso com a difusão e a valorização da
cultura brasileira, dentro e além das nossas fronteiras. Para que isso aconteça
o governo pode oferecer a Bolsa Universitária, a título de incentivo àqueles
que ministrarem aulas para a comunidade carente. Como resultado, teremos a
formação acadêmica continuada de professores de capoeira, a participação e a inclusão
social. Além disso, sugerimos que a Abadá Capoeira estenda suas ações,
participando do processo político que envolve as federações e o governo. Nesse sentido, ela poderá mostrar, de forma
transparente, sua importância como instrumento de inclusão social nos cenários
nacional e internacional.
Somamos, neste artigo, a voz de um professor do
grupo Abadá e campeão mundial de capoeira – Estácio –, que veio de uma situação
de baixa renda e exclusão social.
Conheci meu mestre num centro de
reabilitação para menores infratores. [...] Como a capoeira engloba várias
camadas sociais, ela te dá a oportunidade de conviver diariamente com doutores,
professores, pessoas de classe alta e isso aumenta o sonho dela de crescer na
vida, e o maior fator que contribui são os treinamentos, os cantos e as rodas,
onde as pessoas deixam, depois da roda, toda sua energia ruim, levando consigo
a vontade de vencer na vida.
A essa voz, muitas
outras podem ser somadas. Sabemos que muito pode ser feito e o levantamento realizado
nesta pesquisa é praticamente um assunto que pode ser aprofundado. Por isso o
nosso trabalho está aberto à discussão, às críticas construtivas e às
sugestões, observados os aspectos que apresentamos, na intenção de informar e
corroborar a luta da Abadá Capoeira e sua importância sócio-histórica na
formação da cultura e da tradição brasileiras.
REFERÊNCIAS
ABADÁ
Capoeira. O que é Abadá. Disponível
em: . Acesso em: 08 out. 2007.
ARROYO, Miguel. Educação e exclusão da cidadania. In:
BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel; NOSELLA, Paolo. Educação e cidadania: quem educa o cidadão. 11. ed. São Paulo:
Cortez, 2003. (Coleção Questões da Nossa Época; v. 19). p. 31-80.
BRANDÃO,
Carlos Rodrigues. O que é educação.
São Paulo: Brasiliense, 1985.
BUFFA, Ester. Educação e cidadania burguesas. In:
BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel; NOSELLA, Paolo. Educação e cidadania: quem educa o cidadão. 11. ed. São Paulo:
Cortez, 2003. (Coleção Questões da Nossa Época; v. 19). p. 11-30.
MAFRA,
Juliana. Inclusão social. Brasil-escola. Disponível em: .
Acesso em: 12 nov. 2007.
MELLO,
Carlos Antonio de Almeida. A Constituição originária, a Constituição derivada e
o direito adquirido: considerações, limites e possibilidades. Revista de
Informação Legislativa. Biblioteca Digital do Senado Federal. Disponível em: .
Acesso em: 12 nov. 2007.
RUGENDAS,
Johann Moritz. Wikipédia. A enciclopédia livre. Disponível em: .
Acesso em 12 nov. 2007.
SILVA, Leandro. O Charm da capoeira. Praticando Capoeira, São Paulo, ano 2,
n. 21, 2003.
SILVA,
Raquel. Mestre Camisa: “A capoeira está entrelaçada com a minha alma”. Abadá Capoeira, Rio de Janeiro, ano 1,
n. 1, ago. 2005.
VIEIRA,
Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. In: DA COSTA, Lamartine (Org.). Atlas do Esporte no Brasil. Rio de
Janeiro: CONFEF, 2005.
ZULU,
Mestre. Idiopráxis de capoeira.
Brasília: o autor, 1995.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por
colocar em minha vida meus pais, amigos, professores e mestres que contribuíram
para a minha formação acadêmica e pessoal. Nos melhores momentos sempre
estiveram comigo e quando surgiram obstáculos me ajudaram a superá-los e me
mostraram o caminho certo.
Fui em busca de um
sonho e hoje estou realizando uma parte dele...
(Ranier
Beraldo Vieira)
Agradeço primeiro a
Deus, a meus familiares, em especial minha mãe, pois mesmo com todas as
dificuldades financeiras conseguimos transpor as barreiras e, hoje, estou
concluindo o curso superior, licenciatura plena em educação física.
Aos meus professores e
mestres, em especial, ao professor especialista Edson Leonel Rocha, que
contribuíram para minha formação acadêmica.
A minha namorada
Juliane que soube compreender os momentos difíceis em que me encontrava, com um
alto nível de stress e ansiedade.
Ao mestrando Charm e
seus graduados que não mediram esforços para a realização deste trabalho e à
compreensão de meus alunos, em especial Thiago (apelido Louva Deus) que cobriu
minhas ausências, ministrando minhas aulas para a elaboração e conclusão desta
etapa.
[1] Artigo apresentado ao curso de graduação em Educação Física
para fins de avaliação.
[2] Orientador e professor especialista em Educação Física
Escolar. E-mail: edinhocida@brturbo.com.br
[3] Acadêmicos do 8º Período de Educação Física. E-mails:
ranierbv@hotmail.com; wesleyedfisica@hotmail.com.
[4] Entrevista
concedida pelo Mestrando Charm nas dependências da Abadá Capoeira, no dia 05
set. 2007.
[5] Instituições públicas: escolas estaduais e
municipais, creches, centros de reabilitação para menores infratores;
instituições privadas: escolas e faculdades particulares, academias de
ginásticas.
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