Charles Burke e presos políticos libertos
Nos anos de chumbo da ditadura militar, o embaixador norte-americano no Brasil foi sequestrado em 04 de setembro
de 1969, fato que acabou originando a história do livro “O que é isso
companheiro?”, escrito pelo deputado federal Fernando Gabeira, sendo
mais tarde adaptado para as telas do cinema.
Gabeira participava do movimento estudantil
Dissidência Comunista Universitária da Guanabara, junto com vários
outros militantes, lutando contra as atrocidades da ditadura militar.
Franklim Martins, atual secretário de comunicação
social, também era participante do movimento e foi quem descobriu o
trajeto que o embaixador fazia de sua casa para o trabalho, idealizando o
sequestro a fim de libertar das mãos dos militares o líder estudantil
Vladimir Palmeira, que articulava as manifestações contra a ditadura.
Em suas atuações, o grupo se manifestava com assaltos
e roubos a supermercados e bancos, sempre enfrentando a repressão do
governo. A coligação contou com militantes e guerrilheiros comunistas
como Carlos Lamarca (ex VPR – Vanguarda Popular Revolucionária),
considerado o traidor da nação por ser militar e levar para a
Dissidência suas experiências com táticas terroristas.
O sequestro, que durou quatro dias, foi comandado por
Virgílio Gomes da Silva e seu companheiro Toledo (líder da ANL),
através da rendição do cadilac do embaixador por guerrilheiros armados, o
motorista de Charles foi deixado pelas proximidades com uma carta
exigindo a libertação de quinze presos políticos e denunciando os crimes
de tortura nas ações militares.
Seguidamente, o sequestro foi assumido pelo MR8, que
na verdade era a própria Dissidência unida à ANL, se apresentando com o
nome de um ex-grupo coibido pela ação militar, a fim de provocar nos
mesmos um sentimento de impotência, uma vez que tinham alardeado pela
imprensa o fim do MR8, através das represálias.
A carta foi lida em rede nacional, obrigando o governo a libertar os prisioneiros em troca do embaixador, conforme acertado.
Dentre os presos políticos soltos estavam Gregório
Bezerra (PCB), José Ibrahim (líder sindicalista), Onofre Pinto (VPR),
Luís Travassos e José Dirceu (movimento estudantil de SP), dentre
outros.
Em 1972 a maioria deles se refugiou no Chile, a fim
de reestruturar o grupo, passando a manter atuação política ao invés das
ações armadas. Com isso, o MR8 foi acolhido pelo MDB, tendo Orestes
Quércia como um de seus líderes.
O MR8 atua até hoje e prepara um grupo de jovens para
continuar seu trabalho, o JR-8 (Juventude Revolucionária Oito de
Outubro). Seus militantes estão presentes como diretores da UNE,
seguindo a corrente do PMDB. O grupo é adepto das ideologias de Hugo
Chávez, presidente da Venezuela, sendo também admirador do regime
adotado em Cuba.
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