Povo Civilizado e Poderoso
Considerado o povo mais civilizado e poderoso da América pré-colombiana,
os astecas controlavam um enorme império que se estendia por grande
parte da região meso-americana (área cultural que compreendia
parte do México e da América Central).
Os astecas, também eram chamados de mexinas ou tenochcas, chegaram
ao vale do México no início do século XII da era cristã.
Eram procedentes de uma região, situada em algum ponto desconhecido
do noroeste do México; onde se estabeleceram depois de dominar vários
povos e absorver a cultura. A data de 1168 é tida como aquela em que
os Astecas, uma pequena tribo de caçadores, deixam a sua região
de origem, Astlán no noroeste do México. Depois da queda dos
Toltecas no Vale do México, os Astecas foram uma das últimas
tribos a chegar às margens do lago Texcoco. Os astecas chegaram às
margens do lago Texcoco, no Vale do México, em 1325 d. C. Eles formavam
inicialmente uma tribo de caçadores e coletores que se deslocou dos
platôs áridos do norte do México em direção
à zona central fértil e mais civilizada, ocupada por povos que
praticavam agricultura desenvolvida. Neste deslocamento, que se estendeu do
início do século XII ao início do século XIII,
os Astecas lutaram, mas também conviveram com outros povos com os quais
enriqueceram sua cultura e aperfeiçoaram o seu conhecimento tecnológico,
especialmente sobre a agricultura. Aprenderam a irrigar a terra com o cultivo
e a construir "jardins flutuantes", chamados de chinampas. As chinampas
são porções de terreno que os indígenas recuperavam
do fundo do lago para formar e estender a terra firme tanto para construir
como para o cultivo agrícola intensivo. A construção
das chinampas se dá nos lugares mais rasos do lago onde se podia colocar
as diversas camadas vegetais para a formação deste tipo de terreno
exclusivo do Vale do México. Os Astecas demarcavam o local das futuras
chinampas com estacas e juncos, enchiam com lodo extraído do fundo
do lago e misturavam com um tipo de vegetação aquática
que flutuava no lago. Esta vegetação formava uma massa espessa
sobre a qual se podia caminhar. Estas tecnologias foram essenciais para a
fundação e sobrevivência de Tenochtitlán. Aos poucos,
com sua arte guerreira e sua habilidade de aprender com os povos entre os
quais viviam, tornaram-se ricos e poderosos, se tornando um grande império.
Sua capital Tenochtitlán, era maior que qualquer cidade da Europa na
época. A partir de Tenochtitlán os astecas conquistaram através
de guerras um território tão vasto que corresponde hoje ao México
e ao norte da América Central (Guatemala e Nicarágua). Este
império foi construído em um século (do início
do século XIV ao início do século XV). A partir de 1517,
expedições espanholas lideradas por Hernández de Córdoba,
Grijalva e Hernán Cortés, conquistaram e destruíram a
civilização Asteca, erguendo sobre as ruínas do templo
de seu deus mais importante, uma catedral cristã.
EDUCAÇÃO
O sistema de ensino era severo e disciplinado e se baseava no estudo da história
e da religião nacionais, na formação moral, na aprendizagem
de ofícios e no treinamento militar.
"Durante os primeiros anos, a educação da criança
ficava a cargo da família. O menino aprendia a carregar água
e lenha, ajudava nos trabalhos agrícolas ou no comércio, na
pesca e começava a remar sob a direção do pai. A menina
varria, iniciava-se na cozinha, fiação e tecelagem. Assim que
a criança atingia a idade de seis a nove anos, porém, seus pais
a confiavam a um dos dois sistemas de educação pública
então existentes: o colégio do bairro, onde "mestres de
rapazes" e "mestras de moças" preparavam seus alunos
para a vida prática; ou então o calmecac, colégio-monastério,
onde a educação era ministrada pelos sacerdotes. Em princípio,
somente os filhos dos dignitários (pilli) tinham acesso ao calmecac.
Os filhos de negociantes, porém, também podiam ser admitidos,
bem como crianças das camadas populares, caso se destinassem ao sacerdócio."
Soustelle, Jacques. A Civilização Asteca.. Rio de Janeiro, Zahar,
1997, p.62.
ECONOMIA
A civilização asteca, se baseou do ponto de vista econômico,
na agricultura e no comércio. As condições climáticas
e topográficas do vale do México, núcleo do império,
permitiam o cultivo de produtos de zona temperada, mediante uma adequada organização
dos trabalhos agrícolas de forma a amenizar os efeitos das estações
secas e das geadas. Grande parte dos 80.000 km² do vale, apresentava
colinas, lagoas e zonas pantanosas que foram adaptadas à agricultura
mediante aplicação de engenhosas técnicas de preparo
de terreno para cultivo, drenagem e aterro. Uma das mais interessantes entre
essa técnicas, consistia na construção de canteiros flutuantes
- as chinampas - por meio do empilhamento de galhos de árvores, barro
e limo; que acabavam por fixar-se no fundo dos lagos. Sem animais de tração,
para a agricultura, os astecas contavam com cães e perus para uso doméstico.
Além do milho, consumido em forma de massa sobre a qual se aplicava
uma pasta e feijão e pimenta amassados, os astecas alimentavam-se essencialmente
de milho (era tão importante que existia até um Deus-Milho),
feijão, abóbora, pimenta e tomate. Os grãos de amaranto
e sálvia eram usados em mingaus. Em torno do lago, consumiam-se peixes,
crustáceos, batráquios e até insetos aquáticos.
Aliás, os peixes e crustáceos só chegavam ao Planalto
para serem consumidos pelas mais altas camadas da sociedade. Faziam uso do
tabaco sob a forma de charuto ou cachimbo e, em certas ocasiões, ingeriam
o octli, um líquido fermentado à base de suco de agave. Também
cultivavam o cacaueiro, de cujos frutos extraíam uma bebida chamada
xocoatl, que daria origem ao chocolate como o conhecemos hoje. Assim como
ocorria na sociedade maia, entre os astecas o uso de sementes de cacau como
moeda era relativamente comum.
A população relativamente grande do vale do México,
que somava entre 1 milhão e 1,5 milhão de habitantes em 1519,
foi um dos fatores que levaram os astecas a conquistarem outras regiões
e comerciar com povos vizinhos. Os pochtecas, poderosa classe de mercadores,
organizavam as caravanas comerciais e controlavam os mercados das cidades.
A cidade de Tenochtitlan, que chegou a ter 13 km², incluídos os
bairros periféricos e as chinampas, era o centro político e
artesanal do império. A maior parte de sua população,
que chegava a 100 mil pessoas em 1519, era composta de administradores, guerreiros,
comerciantes e artesãos.
A INVENÇÃO DO CHOCOLATE
"Hoje quando bebemos uma xícara de chocolate quente e espumante
ou comemos uma de chocolate, nem imaginamos que foram necessários séculos
de estudos e cuidados com o fruto do cacaueiro para que pudéssemos
apreciar esse alimento nutritivo. Também não imaginamos que
foram os povos mesoamericanos, excelentes botânicos, os responsáveis
pelo desenvolvimento das técnicas necessárias para secar e tostar
as sementes de cacau que, depois moídas e de receber calor, se transformam
na pasta de xocoatl.
Só que a pasta original obtida pelos botânicos, não tinha
gosto. Para resolver esse problema, eles a dissolveram em água misturada
com grande número de especiarias e flores. Adicionaram também
diversos tipos de pó de origem vegetal para dar-lhe cor. Posteriormente,
querendo melhorar o sabor do chocolate, resolveram adoçá-lo
com mel de abelhas, e, para conseguir fazer espuma, inventaram o molinillo,
um pequeno moedor próprio para triturar e bater as sementes.
Durante a conquista da América, os espanhóis transformaram
mais ainda a pasta de chocolate. Acrescentaram a ela açúcar,
avelã e nozes, assim como sementes de melão e gemas de ovo,
conforme o gosto. Nessa época, os médicos também prescreviam
o chocolate como medicamentos a seus pacientes. Aos enfermos calmos, receitavam
o chocolate misturado com anis, almíscar e pimenta; já os doentes
nervosos, bebiam o líquido sem substâncias aromáticas,
ao contrário dos deprimidos, que consumiam o chocolate sem pimenta,
com pouco anis e com todos os elementos aromáticos.
Se à chegada dos espanhóis o chocolate era uma bebida exótica
e pouco conhecida, depois das contribuições dos povos da Mesoamérica
acabou se popularizando e, com o tempo, ganhou as mesas das famílias
do mundo inteiro." (El chocolate, herencia de México. Revista
Arqueologia Mexicana, n.29, jan./fev. 1998).
SOCIEDADE E POLÍTICA
A base da sociedade asteca era a família de caráter patriarcal
e geralmente monogâmica. Um grupo de várias famílias,
compunham o calpulli, unidade social complexa que se encarregava de funções
muito diversas, como a organização do trabalho agrícola,
a arrecadação de impostos, o culto religioso, a educação
e o recrutamento de guerreiros. Um conselho, formado pelos chefes de família,
elegiam o líder do calpulli. Cada família pertencente a um calpulli,
recebia um usufruto parte das terras comunais, que revertia ao calpulli se
não fosse cultivada.
Acima do calpulli, estava a estrutura estatal, centrada no monarca. Logo
após a morte de um tlatoani, um conselho de nobres se encarregava de
eleger seu sucessor, geralmente entre os membros da casa real. O tlatoani,
cuja figura inspirava enorme respeito entre seus subordinados, nomeava os
ocupantes dos cargos estatais e militares, dirigia as campanhas de guerra,
supervisionava o fisco e a atividade comercial, administrava justiça
em última instância e presidia os ritos religiosos.
O funcionamento do estado, se baseava numa ampla rede burocrática
formada por funcionários profissionais, tais como: os sacerdotes, inspetores
do comércio e coletores de impostos.
Uma das características que mais marcavam a sociedade asteca, era
a divisão em castas:
NOBREZA (os pipiltin)
Era formada pelos membros da família
real, os chefes dos calpulli, os chefes militares e os plebeus que haviam
realizado algum serviço de mérito ao estado.
PLEBEUS (os macehuatin)
Eram os lavradores, comerciantes e artesãos
enquadrados nos calpulli, que consistiam o grosso da população.
SERVOS (os mayeque)
Trabalhavam nas terras do estado e da nobreza.
Também haviam ESCRAVOS, empregados como força de trabalho
ou reservados para os sacrifícios religiosos.
A confederação asteca, assim como os impérios meso-americanos
anteriores, organizavam-se em torno do pagamento de tributos e da contribuição
militar por partes dos estados submetidos. Apesar disso, esses estados eram
praticamente independentes. No entanto, o império asteca tentou conseguir
uma maior integração política entre suas 38 províncias,
sobretudo no vale do México.
RELIGIÃO
A organização religiosa asteca era complexa, já que
em apenas dois séculos, esse povo passara de dominado para dominador,
controlando outros povos da região.
COSMOGONIA
(sistema formado em hipóteses sobre a formação
do Universo)
Da mesma forma que outros povos, como os maias, os astecas
supunham viver a era do quinto sol. As quatro anteriores, haviam acabado em
catástrofes. Isso constituía uma justificativa ideológica
para as contínuas guerras astecas, pois era necessário capturar
inimigos e sacrificá-los aos deuses, a fim de proporcionar sangue para
que o Sol não apagasse.
PANTEÃO ASTECA
O sincretismo
Conciliação das diferentes
religiões dos povos vizinhos - encheu de deuses o panteão asteca.
Pata uma mesma missão, haviam divindades provenientes de diversas culturas,
e a tradição dualista opunha deuses benfazejos aos destruidores.
A classe dirigente louvava suas divindades guerreiras, enquanto os camponeses
atribuíam a fertilidade ou as calamidades aos deuses agrícolas.
Cada lugar, cada profissão, agregava ao panteão asteca suas
próprias divindades.
CLERO E CULTO RELIGIOSO
Os membros do clero, pertenciam às classes
superiores; estudavam em suas próprias escolas a escrita e a astrologia,
além de praticarem a mortificação e os cantos rituais;
sua vida era de austeridade e permaneciam celibatários. Os dois sumos
sacerdotes, dependiam do rei; que era inacessível, e segundo os espanhóis,
ele era transportado em liteira porque seus pés não podiam pesar
na terra.
Os templos mantinham asilos e hospitais.
Os ofícios religiosos, freqüentemente
celebrados ao ar livre, nos arredores os templos, reproduziam fenômenos
cósmicos e, dada sua estreita relação com os ciclos vegetativos,
regiam-se por um complicado ritual, centrado nos sacrifícios. Já
que acreditavam que som o sangue humano (a "água preciosa")
oferecido ao Sol, a engrenagem do mundo deixaria de funcionar. Em relatos
feitos pelos espanhóis, eles afirmam que sem dúvida o número
de vítimas foi bastante grande. Em geral, sacrificavam-se prisioneiros,
então a idéia de se manter a prática de guerras, para
que houvesse um "estoque" de prisioneiros, de maneira a serem sacrificados;
como também usavam voluntários a serem sacrificados. As vítimas
eram sacrificadas pelos sacerdotes, de formas diversas, segundo o deus a quem
se oferecia o sacrifício; quando era dedicado a Tezcatlipoca (protetora
dos guerreiros e dos escravos, acreditava-se que ela inspirava os eleitores
do grande conselho na escolha do soberano e castigava ou perdoava as faltas),
o sacerdote extraía o coração do guerreiro para alimentar
a deusa.
CULTURA E ARTE
Os astecas conheciam uma escrita hieroglífica, mas a transmissão
de sua cultura se realizou principalmente de forma oral.
A educação
se dividia em duas instituições:
- Telpochacalli - para os plebeus
- Calmécac - para os nobres
No Calendário se encontram representadas a cosmogonia e a cronologia
dos antigos mexicanos. Ao centro destaca-se o Sol (Deus Tonatiuh) sedento
de sangue com o signo nauiollin, símbolo do nosso universo.
Os quatro
braços da Cruz de Santo André, correspondentes ao signo Ollin,
contêm os símbolos dos quatro antigos Sóis. Em torno destes
hieróglifos, círculos concêntricos mostram os signos dos
dias, os anos, representados pelo glifo xiuitl composto de 5 pontos, sendo
4 em cruz e mais outro no meio e, enfim, duas "serpentes de turquesa",
isto é, os dois períodos de 52 anos que correspondem aos 65
anos do planeta Vênus, os dois constituindo o ciclo de 104 anos denominado
ueuetiliztli ("velhice"). Os astecas tinham conhecimento precisos
sobre a duração do ano, a determinação dos solstícios,
as fases e eclipses da Lua, a revolução do planeta Vênus
e diversas constelações, como as Plêiades e a Grande Ursa.
Eles atribuíam uma atenção especial à mensuração
do tempo, numa aritmética que tinha como base o número 20. Ao
fim de cada período de 52 anos, acendia-se o "Fogo Novo"
no cimo da montanha de Uixachtecatl. Isto era denominado "liga dos anos".
Era comemorado como um verdadeiro "Reveillon" místico com
sacrifícios, danças, renovação de utensílio
domésticos, etc.
O Calendário Asteca possuía 18 meses
com 20 dias, estes últimos a saber:
Coatl - Cobra
Cuetzpallin - Leopardo
Calli - Casa
Ehecatl - Vento
Cipactli - Crocodilo
Xochitl - Flor
Quiahuitl - Chuva
Tecpatl - Pedra
Ollin - Tempo
Cozcacuauhtli - Abutre
Cuauhtle - Águia
Ocelotl - Jaguar
Acatl - Bastão
Malinalli - Erva
Ozomatli - Macaco
Itzquintli - Cão Careca
Atl - Água
Tochtli - Coelho
Mazatl - Cervo
Miquiztli - Caveira
Cuetzpallin - Leopardo
Calli - Casa
Ehecatl - Vento
Cipactli - Crocodilo
Xochitl - Flor
Quiahuitl - Chuva
Tecpatl - Pedra
Ollin - Tempo
Cozcacuauhtli - Abutre
Cuauhtle - Águia
Ocelotl - Jaguar
Acatl - Bastão
Malinalli - Erva
Ozomatli - Macaco
Itzquintli - Cão Careca
Atl - Água
Tochtli - Coelho
Mazatl - Cervo
Miquiztli - Caveira
Uma das mais notáveis invenções do povo asteca, foi
um sistema de medição do tempo baseado na combinação
de vários calendários.
CALENDÁRIO RITUAL
(tonalpohualli)
Era de 260 dias e tinha uso divinatório.
CALENDÁRIO SOLAR
Tinha 18 meses e 20 dias, aos quais se somavam
5 dias nefastos para completar os 365. A cada 52 anos, o início dos
calendários coincidia com o que começava um novo "século".
Além disso, havia um calendário baseado no ciclo do planeta
Vênus, que coincidia com os demais a cada 104 anos. Os astecas desenvolveram
também a astronomia e a matemática, na qual empregavam o sistema
vigesimal.
ARQUITETURA
Da arquitetura asteca, só se conhecem alguns poucos exemplos que
sobreviveriam às destruições ocorridas durante a conquista
espanhola. As edificações mais características são
os templos, da estrutura piramidal, como o da cholula. Os templos Astecas
foram edificados com enormes blocos de pedras das montanhas que rodeavam o
Vale do México. Os templos eram erguidos o mais alto possível
para que os Astecas pudessem ficar perto dos seus deuses do céu. No
topo havia uma plataforma onde eram sacrificadas as pessoas, geralmente prisioneiros,
escolhidas como oferendas aos deuses. Os Astecas acreditavam que deviam construir
um novo templo a cada 52 anos para agradecer aos deuses o fato de o mundo
não ter ainda acabado. Em vez de demolir o velho templo, eles construíam
outro em cima daquele. Assim, cada templo era maior e mais importante do que
o anterior. Em Tenochtitlán o grande templo foi aumentado cinco vezes.
ARTESANATO
Os Astecas aprenderam a fazer seus artesanatos com os descendentes dos Toltecas,
cuja civilização desaparecera muito antes de os Astecas chegarem
ao Vale do México. Os artesãos moravam em bairros separados
na cidade, adorando seus próprios deuses e ensinando sua arte apenas
aos seus filhos. Grande parte de seus trabalhos era para o rei. Com os tributos
enviados pelas cidades conquistadas, faziam tiaras, mantas e jóias.
O rei então recompensava os grandes guerreiros com esses presentes.
Um escultor levava muito tempo pata esculpir uma peça em jade, cristal
ou obsidiana, devido à precariedade dos seus instrumentos. Dava a primeira
forma à matéria bruta esfregando na pedra uma tira de couro
cru com areia e água. Trabalhava apenas com uma faca de cobre macio
e pó de sílex. Para finalizar e dar os últimos retoques,
polia a peça com areia, depois usava o junco para dar brilho.
ESCULTURA
Como a arquitetura, a escultura asteca é maciça e imponente.
Muitas obras mostram a influência artística dos Toltecas, Mixtecas
e dos povos da Costa do Golfo, porém a estatuária religiosa
possui traços típicos que expressam o caráter primitivo
e violento dos Astecas. Algumas vezes os artistas revelam uma concepção
mais naturalista, criando figuras serenas, desprovidas de elementos grotescos.
É o que se verifica em certas estátuas de Quetzalcoatl, divindade
protetora das artes e das ciências, e nas de Xochipili, o senhor das
flores, divindade da alegria, da música e da dança.
PINTURA
A pintura dos Astecas é uma arte intermediária entre a escrita
e a iluminura, manifestada através da execução minuciosa
de caracteres pictográficos e da figuração de cenas históricas
ou mitológicas. Os objetos são representados de frente ou de
perfil e, às vezes, as duas posições são sobrepostas,
resultando numa imagem irreal, mas sempre compreensível. Não
conhecem a perspectiva e o colorido não tem nuances, porém há
sempre contornos negros delimitando cada forma e realçando a vivacidade
das cores. Em certos aspectos, essas obras lembram um dos estágios
mais antigos da pintura egípcia.
ARTES PLUMÁRIAS
A arte plumária, trabalho com penas, era uma produção
familiar. Enquanto as crianças preparavam cola de excremento de morcego,
a mulher escolhia e tingia as penas. Para fazer um escudo, o artesão
primeiro fazia o desenho e um molde. Com ele, transferia o desenho para um
pedaço de pano colado a fibras de cacto. Cortava as penas tingidas
de acordo com o desenho e enfiava-as no tecido. Depois colava o pano num pedaço
de madeira. Quando a cola secava, ele aplicava a camada final de penas, delineando
o desenho com finas faixas de ouro. As penas, mais caras eram as do sagrado
pássaro verde quetzal e as do colibri de cor turquesa.
OURIVESARIA
O ourives usava o método da cera derretida para fazer objetos. Fazia
um molde em argila, enchia-o com cera e recobria com mais argila. Depois,
aquecia o molde para que a cera derretesse e escorresse por uma abertura.
Derramava o ouro derretido dentro do molde, deixava esfriar, quebrava a proteção
de argila e estava moldada a peça.
LITERATURA
Os astecas, registravam os acontecimentos importantes em livros de papel
preparados com folha de sisal, dobrados com mapas ou enrolados como pergaminhos.
A literatura dos astecas, predominantemente oral, desenvolveu temas históricos,
religiosos e líricos.
A URBANIZAÇÃO DE TENOCHTITLÁN
Tenochtitlán
se localiza numa ilha no interior do lago de Texcoco. Era a capital do Império,
e racionalmente tão organizada, que deixou os espanhóis boquiabertos
com avenidas largas e calçadas de pedras, praças enormes, pirâmides
e edifícios que eram freqüentados por artesãos, comerciantes,
funcionários do Estado, músicos, trabalhadores braçais,
poetas e nobres. Este lugar desabitado tinha uma enorme riqueza ecológica
que foi se transformando até alcançar o florescimento que os
conquistadores observaram 200 anos depois. O controle político e econômico
da cidade Asteca (Tenochtitlán) abarcava uma extensa zona da Mesoamérica
com um grande número de povos subjugados que abasteciam a cidade de
numerosos produtos naturais e manufaturados.
O TRAÇADO URBANO
O traçado das principais avenidas e a organização
do centro cerimonial se realizou com relação à localização
dos pontos periféricos da paisagem, principalmente os topos dos morros
e o percurso do sol a cidade e seus arredores contavam com obras hidráulicas
e estradas. Estudos indicam que o complexo de obras foi realizado para evitar
as enchentes na cidade, melhorar a qualidade das águas permitindo a
entrada de água doce proveniente dos lagos Xochimilco e Chalco, e comunicar
a ilha com a terra firme.
O centro cívico-religioso se localiza mais
ou menos no centro da ilha de Tenochtitlán. O conjunto urbano se estrutura
a partir de três caminhos principais que atravessam a ilha e continuam
além dela para uni-la à terra firme: ao norte, o caminho de
Tepeyacac; a oeste, o caminho de Tlacopan, e ao sul, o caminho de Iztapalapa.
Quanto à distribuição e ao tipo de edifícios que
se encontravam no centro, sabe-se que ali se localizavam as residências
dos principais senhores, os templos pirâmides dedicados a Huitzilopochtli,
Tláloc e Tezcatlipoca, edifícios para a educação
e outros ofícios rituais. Nas zonas não cerimoniais dentro da
ilha se utilizava um traçado quadriculado regular, quando assim permitiam
as condições ecológicas do terreno; e se utilizavam outras
disposições de acordo com a adaptação das áreas
residenciais às obras hidráulicas para o controle lacustre do
sítio. É interessante observar que os caminhos eram estreitos
e relativamente frágeis; os Astecas construíram sua cidade para
o tráfego de pedestres, já que na época não havia
cavalos na Mesoamérica.
O trânsito era preferentemente aquático
e com canoas, que permitiam o deslocamento a qualquer lugar dentro ou fora
da cidade, pela complexa e eficiente rede de canais de que dispunha a cidade
de Tenochtitlán. Os caminhos amplos e com pontes uniam a ilha com a
terra firme.
HABITAÇÕES INDÍGENAS
A maioria dos prédios
é regular e o loteamento segue um esquema em que cada prédio
ou unidade habitacional se integra diretamente aos caminhos para circulação
de pessoas e aos canais para circulação de canoas. Cada unidade
habitacional corresponde a um prédio e se compõe dos seguintes
elementos: um conjunto de chinampas, canais para irrigar as chinampas, um
terreno onde se localiza a casa, e um terreno entre a casa e as chinampas.
Os limites das habitações são caminhos e canais em seus
quatro lados e facilitam sua integração ao contexto urbano tanto
por terra firme como em canoas pela água. Todas as moradias na Planta
Maguey aparecem com seus acessos principais voltados para o sul. As moradias
indígenas eram projetadas para responder a necessidades culturais próprias:
havia compartimentos com grande variedade de formas destinados a dormitórios,
pátios internos e externos, terrenos e chinampas para cultivo, corredores
e currais. A integração espacial da casa era independente do
exterior, de costas para os caminhos e espaços públicos. Mas
se ligava de várias maneiras com o entorno imediato e com o resto da
cidade através de circulação por terra e por água.
As habitações indígenas tinham, em geral, paredes de
adobe e telhado de materiais vegetais, constituindo-se em cargas leves sobre
terreno frágil, sujeito a afundamentos, quase flutuando sobre as águas
do lago. Apesar dos materiais de construção serem perecíveis
esta habitação adequava-se muito bem às condições
climáticas e de integração ecológica. As casas
eram baixas e com pouca iluminação.
A única abertura
era a da porta. Isto era assim porque os indígenas realizavam a maioria
das suas atividades cotidianas nos espaços externos. As habitações
serviam para dormir e para o descanso total através do isolamento da
luz e de outros agentes externos (ruído, chuva, ... ).
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E DIVERSIDADES NATURAIS
O México
atual não corresponde exatamente ao que foi o Império Asteca
(mesmo se tratando de uma República, o termo Império não
é errado) em suas dimensões máximas, mas diferentemente
do que ocorreu em relação ao Tawantinsuyu (Império Inca)
e o atual Peru, o México atual é maior do que o Império
Asteca jamais foi. Para começar, os Astecas jamais dominaram a península
de Yucatán, nem tão pouco a península da Califórnia.
Além disso, no próprio núcleo do México, na época
Asteca, existiam certos "clarões" no Império, ou seja,
áreas livres incrustadas em seu coração, como era o caso
de Tlaxcala. A região sofria freqüentes abalos sísmicos
e erupções vulcânicas, tendo vulcões de mais de
cinco mil metros de altura.
Ao norte, à medida que se aproxima do deserto
do Arizona, o clima se torna quente e seco, ao sul, já na zona tropical,
surgem florestas densas e com fauna e flora ricas. Além de tudo isso,
a região ainda é cortada pelas Sierras Madres oriental e ocidental
o que faz com que a altitude média do país esteja entre 3000
e 4000 metros acima do nível do mar. Tamanhas altitudes provocam períodos
de frio intenso e estiagem no inverno e final do outono, sendo assim, nada
mais natural que as principais cidades pré-colombianas tenham se desenvolvido
nas margens de lagos ou arroios. No que se refere a minérios, o México
é muito rico em prata, sendo atualmente um dos maiores produtores mundiais
do minério, e chumbo, além de ter (especialmente na época
referida) boas reservas de ouro, estanho, cobre e pedras preciosas. A região
sofria freqüentes abalos sísmicos e erupções vulcânicas,
tendo vulcões de mais de cinco mil metros de altura.
Ao norte, à
medida que se aproxima do deserto do Arizona, o clima se torna quente e seco,
ao sul, já na zona tropical, surgem florestas densas e com fauna e
flora ricas. Além de tudo isso, a região ainda é cortada
pelas Sierras Madres oriental e ocidental o que faz com que a altitude média
do país esteja entre 3000 e 4000 metros acima do nível do mar.
Tamanhas altitudes provocam períodos de frio intenso e estiagem no
inverno e final do outono, sendo assim, nada mais natural que as principais
cidades pré-colombianas tenham se desenvolvido nas margens de lagos
ou arroios.
No que se refere a minérios, o México é muito
rico em prata, sendo atualmente um dos maiores produtores mundiais do minério,
e chumbo, além de ter (especialmente na época referida) boas
reservas de ouro, estanho, cobre e pedras preciosas. Nas florestas Mexicanas,
as espécies que mais chamaram a atenção dos conquistadores
espanhóis foram os papagaios e os jaguares, porém também
existiam na região outros animais como águias, coiotes, beija-flores,
uma espécie de cachorro sem pêlos, entre outros animais exóticos.
Alguns achados arqueológicos têm ajudado muito os pesquisadores
a aprenderem mais sobre a história da Mesoamérica, é
o caso dos crânios de cristal, de estelas encontradas com inscrições
hieroglíficas, calendários e tudo o que resistiu a ação
do tempo, dos saques Espanhóis e às fogueiras dos missionários
Europeus.
Acredita-se que na própria Cidade do México, que foi
edificada sobre as ruínas de Tenochtitlán, existam diversos
"tesouros" soterrados. Uma simples escavação para
a realização de uma obra no centro velho da cidade provou que
os achados podem ser abundantes, foram encontradas várias peças
totalmente desconhecidas, como o calendário religioso Asteca.
ALGUMAS OBSERVAÇÕES
1) A expressão Mesoamérica é empregada com freqüência
não com conotação geográfica, mas sim histórica
e antropológica, sendo que designa uma região das atuais América
Central e do Norte, onde se desenvolveram culturas indígenas avançadíssimas,
só igualadas pelas culturas indígenas Andinas, na América
do Sul. A Mesoamérica engloba o México, a Guatemala, Honduras
e El Salvador, além de talvez algumas partes de outros países
da América Central.
2) Historiadores afirmam que: o verdadeiro sistema de governo dos Astecas
era uma espécie de República muito semelhante, inclusive, à
República Romana.
3) É comum se falar em presença humana na América
desde 35000 a.C., no entanto, na Mesoamérica, os primeiros testemunhos
de ocupação datam de cerca de 20000 a.C.. Já os fósseis
humanos mais antigos encontrados, não são de antes do que 9000
a.C..
É provável que por essa época o homem mesoamericano
estivesse começando a se sedentarizar, processo que só se efetivaria
por volta de 5000 a.C., com a descoberta da agricultura (plantio do milho,
feijão, abóbora e pimenta malagueta). Porém, para um
povo se desenvolver e se tornar uma civilização é preciso
um pouco mais do que apenas a agricultura.
É preciso pelo menos a existência
de uma cerâmica, o que só foi aparecer por volta de 2300 a.C.
Mais ou menos em 1300 a.C., numa região conhecida como Olman (Terra
da Borracha), próxima ao golfo do México, ao sul de Veracruz,
uma civilização que se tornaria um marco na História
pré-colombiana: os Olmecas. Este povo se disseminou por várias
"cidades" (o termo não é muito correto, uma vez que
elas eram apenas centros cerimoniais construídos para serem residências
de sacerdotes e nobres, além de acolherem os cultos ao deus-jaguar)
construindo grandes edifícios em pedras, tais como templos e túmulos,
além de trabalhar o barro com maestria.
Os Olmecas se tornaram gênios
da escultura, criando máscaras, sarcófagos, estelas, as famosas
cabeças de basalto da Mesoamérica, além de estatuetas
de jade, argila, quartzo, obsidiana, serpentina e cristal de rocha. Os Olmecas
desenvolveram intensa atividade religiosa e mercantil, sendo assim, suas caravanas
de comércio serviram para disseminar por várias regiões
não só seus produtos e conhecimentos, tais como o cultivo do
algodão para a confecção de roupas, mas também
sua religião, que lançou bases para o culto futuro do deus da
água. Por volta de 600 a.C., a influência Olmeca já era
sentida nas proximidades do que viria a ser Tenochtitlán.
Porém,
à medida que outros povos se desenvolviam, os Olmecas começaram
a entrar em decadência e no século II ou III já não
mais eram conhecidos, talvez tenham sido destruídos em batalha, talvez
tenham migrado para outras regiões, o fato é que desapareceram
do contexto da Mesoamérica, mas deixaram seu legado para as civilizações
clássicas da região.
A DECADÊNCIA DO Império Asteca
Montezuma acolheu amistosamente os estrangeiros brancos, acreditando que
Hernán Cortés fosse a encarnação do deus Quetzalcóatl,
cuja chegada havia sido anunciada por profecias. Algumas centenas de espanhóis,
apoiados por tribos indígenas inimigas dos astecas, chegaram a Tenochtitlan,
onde foram recebidos como hóspedes. Um ataque asteca ao conclave espanhol
de Vera Cruz, na costa do Golfo do México, serviu de pretexto a Cortés
para aprisionar Montezuma em sua própria corte. Finalmente, com 30
de Junho de 1520, os guerreiros de Tenochtitlan, dirigidos por Cuitláhuac,
irmão de Montezuma, obrigaram os espanhóis e seus aliados a
abandonar a cidade. Uma epidemia de varíola, trazida do Velho Mundo
pelos espanhóis dizimou, durante os meses seguintes, a população
de Tenochtitlan. Enquanto isso, Cortés se dedicou a reorganizar e reforçar
seu exército e a preparar a invasão à capital asteca.
Em abril de 1521, os espanhóis iniciaram o sítio de Tenochtitlan.
Os astecas, sem água e alimentos, resistiram durante quatro meses.
Em 13 de Agosto, houve o assalto final, durante o qual os astecas defenderam
valorosamente sua cidade até os últimos momentos. Cauahtémoc,
o último tlatoani, foi preso pelos conquistadores quando tentava escapar
numa canoa com a intenção de se refugiar nas províncias
e reorganizar as forças astecas. A queda da capital, a prisão
do rei e a dispersão do exército asteca, favoreceram a conquista
do resto do império dos espanhóis. Da capital reconstituída,
Cortés organizou diversas expedições pelo território
mexicano e centro-americano, que em 1534 foi convertido no Vice-Reino da Nova
Espanha ou no México.
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