É
difícil encontrar no Brasil alguém que não conheça a história da "loira
do banheiro". Quem nunca ouviu essa lenda, pergunte a seus pais,
parentes ou amigos. Algum deles, com certeza conhece essa história
assustadora que rondava nos colégios da rede pública.
Mito Popular:
Uma garota muito bonita de cabelos loiros com aproximadamente 15 anos
sempre planejava maneiras de matar aula. Uma delas era ficar no banheiro
da escola esperando o tempo passar. Porém um dia, um acidente terrível
aconteceu. A loira escorregou no piso molhado do banheiro e bateu sua
cabeça no chão. Ficou em coma e pouco tempo depois veio a morrer. Mesmo
sem a permissão dos pais, os médicos fizeram autópsia na menina para
saber a causa de sua morte.
A menina não se conformou com seu fim trágico e prematuro. Sua alma não quis descansar em paz e passou a assombrar os banheiros das escolas.
Muitos alunos juram ter visto a famosa loira do banheiro, pálida e com
algodão no nariz para evitar que o sangue escorra. Algumas pessoas dizem
que a loira aparece com uma rosa na mão e vestida de branco ou usando
um antigo vestido azul. Sempre nos banheiros femininos das escolas.
Dizem também que ela tenta se comunicar com as pessoas, mas não
consegue.
Reza a lenda que, para chamar à loira, você precisa ir ao banheiro
feminino, na última cabine dos vasos sanitários, apertar três vezes a
descarga, falar três palavrões em voz alta e dizer três vezes "Loira,
Loira, eu quero te ver".
Isso é apenas uma lenda urbana, apesar de varias pessoas jurarem que já viram essa figura.
Historia Original:
A personagem que assombra a imaginação de quem estuda nas escolas do país, seria Maria Augusta, filha de Francisco de Assis de Oliveira Borges, Visconde de Guaratinguetá e de sua segunda esposa, Amélia Augusta Cazal, ela nasceu no ano de 1866 e teve uma infância privilegiada e um requintado estudo em sua casa, cujas terras ultrapassavam os limites da atual Rua São Francisco. Sua beleza encantava os ilustres visitantes que passavam pelo vale do Paraíba.
Naquela época, a política dos casamentos não levava em conta os
sentimentos dos jovens, pois os casamentos eram "arranjados" levando-se
em conta na realidade, os interesses dos pais. Uma nítida conotação de
transação simplesmente econômica ou meramente política, teria levado o
Visconde de Guaratinguetá a unir no dia 1 de Abril de 1879 sua filha
Maria Augusta com apenas quatorze anos de idade com um ilustre
conselheiro do Império, Dr. Francisco Antônio Dutra Rodrigues, vinte e
um anos mais velho que a bela jovem.
Como era previsível, surgiram divergências entre Maria Augusta e seu
marido, o Dr. Dutra Rodrigues, devido também à sua pouca idade, fazendo
com que os pensamentos e ideais do casal fossem diferentes. Devido a
esses problemas, Maria Augusta deixa a companhia do Marido em são Paulo e
foge para a Europa na companhia de um titular do Império e alto
ministro das finanças do reino, passando a residir em Paris na Rua
Alphonse de Neuville.
Maria
Augusta assume definitivamente a alta sociedade parisiense
abrilhantando bailes com sua beleza, elegância e juventude. Maria
Augusta prolonga sua estada na França até que no dia 22 de Abril de
1891, com apenas 26 anos de idade vem a falecer, sendo que para alguns,
devido à pneumonia, e para outros a causa foi a hidrofobia.
Diz
a lenda, que um espelho se quebrou na casa de seus pais em
Guaratinguetá no mesmo momento em que Maria Augusta morreu. Seu atestado
de óbito desapareceu com o primeiro livro do cemitério dos Passos de
Guaratinguetá, levando consigo a verdade sobre a morte de Maria Augusta.
Para o transporte do seu corpo ao Brasil, foram guardadas dentro de seu
tórax as joias que restaram e pequenos pertences de valor, e foi
colocado algodão em seu corpo para evitar os resíduos. Conta-se também
que durante o caminho, os pertences guardados em seu cadáver foram
roubados.
Enquanto o corpo de Maria Augusta era transportado, sua mãe inconsolada
decidiu construir uma pequena capela no Cemitério Municipal de
Guaratinguetá para abrigar a filha, com os dizeres: “Eterno Amor
Maternal”. Quando o corpo da filha chegou ao palacete da família, sua
mãe o colocou em um dos quartos para visitação pública e assim ficou por
algumas semanas durante a construção da capela. O corpo da menina, que
estava em uma urna de vidro, não sofria com o tempo e ela sempre
aparentava estar apenas dormindo.
Depois; mesmo quando a capela ficou pronta, a mãe negou-se a sepultar o
corpo da filha devido a seu arrependimento. Até que um dia, após muitos
sonhos com a filha morta, pedido para ser enterrada e dizendo que não
era uma santa ou coisa parecida para ficar sendo exposta e com muita
insistência da família, a mãe consentiu em sepultá-la.
A casa onde residiu a família e onde Maria Augusta nasceu tornou-se mais
futuramente um colégio estadual, onde algumas pessoas afirmam terem
visto o espírito de Maria Augusta andando por lá.
A lenda conta que Maria Augusta caminha até hoje pelos corredores do
colégio. Suas conhecidas aparições nos banheiros são por conta da sede
que seu espírito sente por ter sido colocado algodão em suas narinas e
boca. Dizem que devido a esse acontecimento, ela passa pelos banheiros
das escolas para abrir as torneiras e beber água, e que quando isso
acontece é possível sentir seu perfume e ouvir seu vestido deslizar pelo
chão, além de ser possível avistar sua silhueta pelas janelas. Nenhum
relato de atos de maldade cometida por ela foi comentado, apenas breves
aparições pelos banheiros e corredores onde deixa no ar um leve perfume
(o mesmo que usava em Paris). Também há o relato de uma funcionária da
Escola que a ouviu tocar piano.
No cemitério onde foi construída a capelinha para seu sepultamento,
sendo mais exatamente um lindo mausoléu branco à esquerda do portão de
entrada do cemitério dos Passos, também se ouvem relatos do avistamento
de sua silhueta passando por entre os túmulos do cemitério, ao mesmo
tempo em que um doce perfume predomina no ar, além do barulho do
arrastar de tecido pelo chão.
Por isso, muito cuidado quando estiver só em um banheiro de uma escola,
principalmente às altas horas da noite, você poderá ter uma surpresa
altamente desagradável!
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