Na antiga região da Fenícia existia um rei de nome Agenor e sua bela esposa Telefasa, ele era um daqueles preclaros reis cujo poder e riqueza ultrapassava toda a imaginação humana. Com efeito, suas riquezas eram compostas de extensas áreas de terras, rios e florestas, possuía também vastos rebanhos de carneiros, bois e cavalos. Ele tinha dois filhos, Cadmo e Europa. A princesa Europa era “só para variar” uma jovem de colossal beleza, divinamente bonita! Tão linda mais tão linda que o detentor da arma mais poderosa que até então existira, o raio, senhor do universo, Zeus onipotente, por ela se apaixonou.
Para se aproximar da filha do rei Agenor, Zeus se transformou em um belo e dócil Touro e se misturou com o rebanho do rei. A princesa Europa foi contagiada por uma estranha simpatia com o belo taurino; assim, ela dava banho no Touro, fazia colares de flores para colocar no pescoço do Touro e frequentemente saía a passeio montada no dorso do Touro, se divertindo muito com o fogoso animal. Ora, num dia de domingo, assim que a desusa Aurora mostrou seus extensivos véus de uma vermelha cor de rosa e os primeiros raios solares, matutinamente, irradiavam iluminando o rosto de Gaia, a princesa foi passear com o seu Touro de estimação..., de repente, não mais que de repente, o Touro disparou em direção à praia, entrando no mar, com a princesa no dorso, nadou, nadou..., nadou até alcançar à ilha de Creta. Chegando lá, o Touro, digo Zeus, transformou-se em um belacíssimo rapaz! Naquele contexto, declarou Zeus seu amor à princesa Europa com tanta veemência que ela veio dar a luz a três belas crianças: Sarpédon (que fundará a cidade de Mileto), Radamanto (que será um dos juízes infernais) e o famoso Minos (que será o futuro fundador da civilização cretense), pai do fabuloso Minotauro, monstro com cabeça de Touro e corpo humano, que viverá num colossal Labirinto, construído por Dédalo, até ser morto por Teseu, filho de Egeu, rei de Atenas.
O rei Agenor ao saber que sua filha Europa havia sido raptada, não se sabe por quem e levada mar adentro, chamou seu filho Cadmo, ordenando-lhe que organizasse uma galera de navios e vasculhasse todos os mares à procura de sua irmã. Prevenindo-o, no entanto, de que caso não a encontrasse, ele não retornasse jamais à Fenícia, pois se o fizesse seria condenado à morte pelo fracasso da expedição.
Cadmo vasculhou várias ilhas até chegar à Grécia, segundo o mito, ele consultou o Oráculo do deus Apolo e este lhe disse que seu destino era não encontrar sua irmã, mas sim fundar uma cidade, para tanto ele deveria escolher o local seguindo uma ovelha desgarrada até onde ela estancasse de cansaço, ali seria o local onde deveria ser erguido às primeiras casas da futura cidade. Dito e feito..., ao sair do Oráculo, encontrou Cadmo uma ovelha desgarrada e a seguiu por vales e planícies até a Beócia, onde a ovelha finalmente caiu de esgotado cansaço. Cadmo, então, percebeu que esse era o sinal e era naquele exato local que deveria ser erguida sua cidade, para tanto chamou seus homens e mandou que fossem buscar água de uma fonte próxima para fazer um sacrifício aos deuses, agradecendo-os pela vitória de sua missão.
Ora, os companheiros de Cadmo encontrou uma pequena correnteza de águas límpidas e foi apanhar as refrescantes águas. Ignoravam, no entanto, que aquela fonte era consagrada ao deus da guerra, Ares, e era protegido por um enorme Dragão..., de repente o Lagarto gigante, cuspindo fogo, apareceu e devorou um a um os homens de Cadmo. Impaciente com a demora dos seus companheiros, Cadmo foi ver o que estava acontecendo, ao chegar à fonte, assistiu à macabra cena: seus queridos amigos sendo despedaçados na boca do horrendo Bilhão. Desesperado, deu um estridente grito e, sacando a espada, partiu em direção ao Dragão, isto fatalmente custaria sua vida se não fosse à deusa Atena que viesse naquele exato momento em seu socorro. De maneira que Cadmo matou o terrível Dragão e, aconselhado pela deusa, semeou os dentes daquele moribundo monstrengo. Então, coisa inacreditável foi visto pelo filho de Agenor: dos dentes do Dragão nasceram guerreiros, “armados até os dentes” (os assim chamados espartos que significa "os semeados") que, incontinentes, avançaram em direção a Cadmo para trucidá-lo. Todavia, a deusa mantinha-se ao seu lado, então mandou Atena que Cadmo jogasse no meio daqueles guerreiros um enorme fragmento de rocha. Obedecendo a deusa, Cadmo atirou uma “pedra” bem grande entre aqueles selvagens guerreiros, de maneira que desencadeou entre eles acirrada e mortal disputa, matando-se uns aos outros... , quando acabou a matança, sobram apenas cinco guerreiros vivos que se curvaram perante Cadmo jurando eterna fidelidade. Foi assim, então, com a ajuda dos cinco guerreiros semeados pelos dentes do Dragão, que foi iniciada a construção da cidade de Tebas e Cadmo, filho de Agenor, foi seu primeiro soberano, sendo por isso a cidade primeiramente chamada de Cadméia.
Por pressão de Ares que não se conformou com a morte do seu Dragão de “estimação” (dizem até que era seu filho), Cadmo foi condenado pelos deuses a trabalhar durante oito anos para Ares, obrigado a cumprir terríveis tarefas. Após cumprir sua pena, concedeu-lhe Zeus a mão da bela filha de Ares e Afrodite, a majestosa Harmonia. Exceto a esposa de Zeus, Hera, que estava divinamente enciumada e por isso perseguirá todos os descendentes de Cadmo e Harmonia, compareceram os principais deuses do Olimpo ao casamento que foi festejado e cantarolado pelas divinas musas. Fruto do amor de Cadmo e Harmonia nasceram Semele, Agave, Autonoe e Ino, todos eles sofrerão na pele a irada perseguição da majestosa rainha do Olimpo.
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